"Mal posso esperar por voltar a Paris. Mal posso esperar por tocar. Quero voltar. Quero que sejamos a primeira banda a tocar no Bataclan quando reabrir. Porque estava lá quando se fez silêncio por um minuto. Os nossos amigos foram lá ouvir rock n' roll e morreram. Eu quero voltar lá e viver." As palavras são do vocalista dos Eagles of Death Metal, Jesse Hughes..A banda da Califórnia atuava a 13 novembro no Bataclan, que se tornaria no maior foco dos atentados que nessa noite mataram 130 pessoas em Paris. Só naquela sala de espetáculos morreram 89 pessoas..Nesta primeira entrevista após o massacre, os membros da banda - formada em 1998 por Hughes e Josh Homme (que não estava no concerto) - recordaram essa noite à revista Vice, que nesta quarta-feira publicou na íntegra a entrevista conduzida pelo seu diretor, Shane Smith..[youtube:n74HBrrFnIc#t=598].Hughes, comovido, chorou em diferentes momentos, descrevendo como se deparou diretamente com um dos terroristas, e muito do que testemunhou nessa noite. "Muitas pessoas esconderam-se no meu camarim e os assassinos conseguiram lá entrar e mataram todas as pessoas, exceto um rapaz que estava escondido debaixo do meu casaco de cabedal", contou..[artigo:4896697].O vocalista deu ainda conta de como as vítimas se ajudavam entre si. "As pessoas estavam a fingir que estavam mortas e estavam tão assustadas. Uma das razões para tantas mortes foi porque muitas pessoas não quiseram abandonar os amigos. Muitas meteram-se à frente de outras pessoas.".Ao contrário de Hughes, de Eden Galindo, o guitarrista, ou de Julian Dorio, o baterista, que conseguiram sair por uma porta lateral, o baixista Matt McJunkins ainda ficou fechado numa sala com muitas pessoas que usaram cadeiras para ali se barricarem. Como única arma, recorda o músico, tinham uma garrafa de champanhe..McJunkins ainda ouviu a explosão de um dos suicidas que "fez abanar toda a sala e provavelmente todo o edifício"..Shawn London, o engenheiro de som da banda, estava na parte de trás da sala e recorda que "o concerto estava a correr bem, os miúdos estavam a divertir-se imenso". Lembra ainda "os sorrisos, a dança, como cantavam cada canção"..Depois do massacre começar, deparou-se com um atirador que falhou o tiro que lhe apontara. Ouviu mais tarde esse atirador gritar Allahu akbar. Foi nesse momento, conta, que "soube o que se estava a passar"..Recordou-se ainda a morte de Nick Alexander, de 36 anos, responsável pelo mershandising da banda, assim como três elementos da editora responsável pelo concerto.