E voaram poemas de Fernando Pessoa no SBSR

Alexander Search e The Orwells foram os grandes vencedores das primeiras horas do festival, que ontem teve como cabeças-de-cartaz os californianos Red Hot Chili Peppers.
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Foram cenários pouco habituais às primeiras horas de um grande festival de música aqueles que ontem se viveram no Parque das Nações, em Lisboa, no primeiro dia do Super Bock Super Rock. Em frente ao palco principal, no interior do Meo Arena, era já uma pequena multidão a acotovelar-se junto às grades, à espera, sete horas antes do início do concerto, pelos Red Hot Chili Peppers.

Antes ainda haveriam de passar por lá os New Power Generation (com a convidada especial Ana Moura) e os Capitão Fausto, mas "até podia não passar ninguém", como referiu um adolescente com a t-shirt do grupo californiano, indiferente ao sol que aquecia o ambiente lá fora e a todas as outras bandas que iam passando pelos outros palcos, como o EDP, onde, por volta das 17.30, os Alexander Search deram o arranque a esta edição de 2017 do SBSR.

Mais uma vez, ao contrário do normal a horas tão vespertinas, era imenso o público já por baixo da pala do Pavilhão de Portugal. E, surpresa das surpresas, atento e interessado ao que se passava em palco, onde Augustus Search ao piano e teclados, Benjamin Cymbra na voz, Marvel K. na guitarra, Sgt. William Byng na parafernália eletrónica e Mr. Tagus na bateria deram toda uma nova vida à poesia dos primeiros anos de vida de Fernando Pessoa.

O quê? Quem? Ok, Alexander Search é o nome de um dos heterónimos de língua inglesa do poeta, mas é também o nome de um novo projeto musical, criado pelo pianista Júlio Resende, mais conhecido pelo talento para o jazz, mas que na pop também teria todo um futuro, como se viu e ouviu neste soalheiro fim de tarde à beira Tejo. Depois, há Salvador Sobral, esse mesmo, o vencedor do festival da Eurovisão, muito embora ontem poucos se tenham lembrado disso, que é o tal de Benjamin Cymbra. Envergando um fraque negro, Salvador provou, mais uma vez, que é um autêntico animal de palco, oscilando entre o jazz, o rock e até o hip-hop, com a mesma facilidade com que ganhou a Eurovisão. E tudo acabou com poemas de Fernando Pessoa, impressos em pequenos papelinhos, a voar sobre o recinto. Sim, a poesia também pode ser rock.

Ainda com apenas um palco em funcionamento, seguiu-se o rock psicadélico dos brasileiros Boogarins, nos últimos anos visitas habituais a Portugal e que apesar da fiel legião de fãs nacionais não conseguiu agarrar o povo como os Alexander Search.

No lado oposto do recinto, no Palco LG, este ano programado pela equipa da rádio SBSR.FM, já atuava entretanto Minta & The Brook Trout, com o seu pop folk da velha escola a servir de banda sonora perfeita à hora mágica, que se aproximava a passos largos.

Foi-se o sol, mas com a chegada dos americanos The Orwells ao palco EDP, veio finalmente o rock, como se espera que ele seja: rápido, sujo e sem pretensões. Fez-se a festa, saltou-se, cantou-se e dançou-se como se o mundo acabasse logo a seguir e, durante pouco mais de uma hora, pelo menos quem por ali estava, até se esqueceu da banda mais aguardada deste primeiro dia, os Red Hot Chili Peppers...

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