E se um desconhecido lhe pagasse as contas do hospital?
Enviaram cerca de 1.300 envelopes amarelos a nova-iorquinos em todo o estado. Não eram notas de dívida, mas exatamente o contrário. As missivas indicavam que a R.I.P. A Medical Debt, uma organização sem fins lucrativos, tinha comprado a dívida médica do destinatário para a pagar.
A ação solidária criou um efeito de bola de neve. Judith Jones e Carolyn Kenyon ouviram falar da organização e começaram uma campanha de arrecadação de fundos para ajudar as pessoas com dívidas médicas. Conseguiram juntar 12 500 dólares e enviaram a quantia para a organização. Com esse dinheiro, os fundadores da R.I.P. conseguiram comprar uma carteira de dívidas no valor de um milhão e meio de dólares e assim libertar centenas de norte-americanos aflitos com a obrigação de terem de pagar despesas de saúde atrasadas.
Nos EUA são muitas as pessoas que têm um segundo emprego ou aceitam trabalhar horas extras apenas para pagar despesas de saúde. Segundo o The New York Times, que conta a história, 11% dos norte-americanos já recorreram a ajuda de terceiros para pagar este tipo de dívidas, de acordo com uma investigação de 2016 conduzida pelo jornal e pela Kaiser Family Foundation.
Foram exatamente 1.284 os nova-iorquinos que receberam a boa nova. Foram pagas contas de 130 hospitais e entidades que prestam serviços médicos.
A organização foi fundada em 2014 por dois ex-executivos do setor de cobrança de dívidas, Craig Antico e Jerry Ashton, que sabiam melhor do que ninguém o impacto esmagador que as dívidas médicas tinham sobre milhões de americanos.
Passaram de perseguir os não pagadores para os ajudar, comprando as dívidas - a um preço inferior, tal como acontece com empresas de cobrança de crédito mal parado.
A R.I.P Medical Debt ganhou dimensão em 2016, quando John Oliver, durante o seu programa da HBO "Last Week Tonight", doou 60.000 dólares à organização. O valor serviu para perdoar cerca de 14,9 milhões de dólares em dívidas médicas. Foram então 9000 as pessoas que receberam o envelope amarelo.
A publicidade gerou uma onda solidária e, na totalidade, a organização diz que com o dinheiro que tem recebido de doações já perdoou 434 milhões de dólares em dívidas médicas, ajudando desta forma mais de 250 mil pessoas. Sabem, no entanto, que a ajuda é apenas "uma gota no oceano".
A organização ajuda especificamente pessoas que vivem com dificuldades financeiras, como as que ganham menos que o salário mínimo ou as que estão em situação de insolvência financeira, e também veteranos de guerra.