E quando menos se espera... o contra-ataque
À mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta. Trump não soube ser nem parecer. E está a braços com a justiça. Amanhã o ex-presidente está de regresso ao julgamento no Senado, quase um ano após ter sido absolvido num primeiro processo e menos de um mês depois de ter deixado a Casa Branca.
Neste domingo, distanciando-se das práticas e atitude isolacionista de Donald Trump, o novo presidente do Estados Unidos, Joe Biden, assumiu a vontade de conversar com Xi Jinping e garantiu empenho em "contrariar os abusos económicos da China". Dando com uma mão e tirando com a outra, Joe admite o diálogo, mas sem complacências. Se por um lado diz que ainda não falou com o homólogo chinês, Xi Jinping, mas frisou não ter "nenhuma razão para não lhe telefonar" e que "há muito para falar"; por outro lado, disse à China para se preparar para a competição. "Sempre lhe disse que não precisamos de ter um conflito. Mas vai haver uma concorrência extrema. E não o vou fazer da maneira que ele sabe. E é por isso que ele também está a enviar sinais. Não o vou fazer da maneira que Trump o fez. Vamos concentrar-nos nas regras internacionais", acrescentou. Há uma grande expectativa em relação à forma como Biden ressuscitará o multilateralismo a partir de terras do Tio Sam. E, com estas afirmações, os primeiros avisos estão feitos.
A China é considerada por Washington como o seu principal adversário estratégico. No seu primeiro discurso sobre política externa, há mais de uma semana, Joe Biden prometeu estar disposto a enfrentar "o avanço do autoritarismo, em particular as ambições crescentes da China". Disse que vai empenhar-se em "contrariar os abusos económicos da China" e os seus "atos de agressão" e que vai defender os direitos humanos, embora esteja determinado a trabalhar com Pequim "quando isso for do interesse dos Estados Unidos".
Não será necessário abrir uma guerra, mas Biden já percebeu que - mesmo mantendo o seu tom de voz calmo e educado -, não pode, nem por um segundo, ser anjinho na sua relação com o Império do Meio, que, historicamente, está habituado a contra-atacar inimigos internos e externos, quando a comunidade internacional menos espera.