Quando o desafio é acelerar a mobilidade elétrica até à descarbonização, o público e o privado terão de ser "duas faces da mesma moeda", avisa Luís Barroso, CEO da MOBI.E. É um ponto assente que ficou logo claro entre os convidados do Portugal Mobi Summit, que debateram evolução da infraestrutura de carregamento. "Ninguém, por isso, poderá trabalhar sozinho se o objetivo é construir uma rede integrada capaz de responder à enorme procura de veículos elétricos que já está a acontecer e que será ainda maior", defende António Coutinho administrador executivo da EDP Comercial..Para que este seja um processo fluído, o mais importante é a cooperação. E isso significa momentos em que ambas as partes estão a colaborar, mas também "outras circunstâncias em que o público apoia o privado", ressalva António Coutinho. E esse é o ponto em que a harmonia entre os dois lados fica desequilibrada. A burocracia tem impedido as operadoras de crescer ao ritmo das vendas dos veículos, conta o administrador executivo da EDP Comercial. Licenciamentos, certificados, compassos longos de espera são algumas das barreiras a emperrar um processo que precisa de ser simplificado..É uma necessidade sentida pela EDP comercial, mas não é a única a se queixar. Martin Klässner, CEO da Has.To.Be, empresa austríaca, que está entre os líderes no mercado dos carregamentos elétricos, tem também uma experiência para contar: "Levamos um ano para ter os licenciamentos necessários que nos permitiram entrar no mercado português." Está visto que algo tem de mudar e não é só em Portugal: "O setor da mobilidade elétrica não acaba nas fronteiras, mas viaja de país para país, esperando-se que os serviços continuem a ser assegurados, tal como acontece hoje com o abastecimento de combustível", adverte o gestor da Has.To.Be..Até porque na era da globalização já não há espaço para mercados locais e a "centralização tem de vir da Europa", defende Christian Hahn, CEO da Hubject. É uma visão que já se esperava da sua parte, tendo em conta que lidera uma empresa presente em mais de 50 mercados internacionais. A Hubject, com sede em Berlim, é aliás o resultado da parceria entre seis empresas diferentes: BMW, Bosch, Daimler, EnBW, RWE e Siemens..O objetivo passa por operar uma plataforma de dados que servirá uma infraestrutura integrada para o carregamento de veículos elétricos. Tudo isso será muito mais complicado se não existir um quadro legislativo "adequado e comum" aos países europeus: "Há desafios diferentes a enfrentar em cada país e isso é um travão no setor da eletricidade.".O ideal seria encontrar um modelo de referência para todos os outros. Essa até podia ser uma ambição ao alcance de Portugal acredita Luís Barroso. "Apesar de estamos todos a aprender a lidar com estas novas realidades, estou convencido de que a nossa experiência poderá abrir caminhos lá fora", diz o presidente da MOBI.E. - entidade gestora da rede de mobilidade elétrica. São sobretudo três os fatores que jogam a favor do modelo português: "Uma rede única de carregamento disponível para todos os operadores e o papel do público e privado bem regulado são a base deste sistema centralizado, que promove a concorrência e estimula a inovação."