É o fim das missões de resgate do Aquarius

Navio obrigado a deixar de operar por suspeitas de poluição. Associações responsáveis pelo navio acusam autoridades europeias de sabotagem de missões humanitárias. Críticas dos Médicos Sem Fronteiras à União Europeia.
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Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciaram esta quinta-feira que o navio Aquarius terminou as operações de resgate e salvamento devido às acusações de despejo de "lixo tóxico" no sul de Itália. O navio humanitário que transportou milhares de migrantes vai assim parar de navegar, depois a justiça italiana solicitar o embargo do navio.

Em comunicado, a responsável dos MSF no Reino Unido, Vickie Hawkins, responsabiliza a Europa pelo fim das missões. "Não só a Europa falhou em providenciar recursos de busca e salvamento, como também sabotou ativamente a tentativas de outros em salvar vidas", pode ler-se no documento.

Segundo o comunicado, nos últimos 18 meses, os ataques dos estados da UE ao apoio humanitário e às operações de resgate "foram baseados nas táticas usadas em alguns dos estados mais repressivos do mundo". E que o fim das missões "significa que mais vidas serão perdidas no oceano e mais mortes evitáveis ficarão sem testemunhas ou registos".

A última missão de busca e salvamento de Aquarius terminou em 4 de outubro de 2018, quando chegou ao porto de Marselha, após o resgate de 58 pessoas. Desde então, o navio, que é também responsabilidade da SOS Mediterranée, estava bloqueado no porto da cidade francesa, depois de ter perdido a bandeira e o registo panamiano.

Era o último navio a operar a partir da Líbia, um ponto-chave na partida de muitos africanos subsaarianos em direção à Europa. Só em 2018, estima-se que tenham morrido mais de duas mil e 100 pessoas no Mediterrâneo, provenientes sobretudo de território líbio.

Frédéric Penard, diretor de operações da SOS Mediterrâneo, lamentou o fim do Aquarius, bem como "os ataques incessantes contra o navio e seus tripulantes" e revelou que a ONG "estuda as opções para um novo barco e uma nova bandeira".

Segundo os Médicos Sem Fronteiras, o barco, juntamente com os navios de busca e salvamento anteriores - o Bourbon Argos, Dignity, Prudence e Phoenix - ajudou a esgatar mais de 80.000 pessoas no Mar Mediterrâneo desde 2015. Só o Aquarius fez mais de 30 mil salvamentos.

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