"É inesquecível desfrutar de uma obra no Teatro Romano de Mérida, numa noite de verão, sob as estrelas"

Aqui mesmo ao lado, na Extremadura, pouco passando a fronteira com Espanha, decorre até dia 22 de agosto um dos mais importantes festivais de teatro clássico. Peça de fecho é <em>As Suplicantes</em>. Diretor Jesús Cimarro, em entrevista, fala de magia.
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Como decorreu o espetáculo de abertura deste 67.º Festival Internacional de Teatro Clássico de Mérida, na sexta--feira?

O concerto inaugural foi um ato enormemente emotivo, com a presença de Sua Majestade a Rainha Sofia. Como início do festival, foi insuperável, porque as partituras românticas de Brahms e Schumann, neste palco incomparável do Teatro Romano de Mérida, deram uma imagem impagável do festival ao mundo, transmitido em direto pela televisão pública espanhola.

Até 22 de agosto serão interpretadas na capital da Extremadura várias peças de temas greco-romanos. Pode destacar duas ou três?

O que me pede é impossível. Não posso escolher sobre o que já foi escolhido. Posso destacar que haverá temáticas e géneros para todos os gostos: comédia, tragédia, musical, teatro de texto, monólogos, peças com dezenas de pessoas em cena... A diversidade do festival reflete-se nas obras que cada ano trazemos ao palco, com as quais queremos satisfazer as exigências de todo o tipo de públicos.

A estratégia de convidar atrizes e atores famosos da televisão para atuar em Mérida tem resultado na popularização do festival, atraindo novos públicos?

Sim, notamos já há vários anos que as pessoas querem ver neste cenário tão especial atores e atrizes que veem no cinema ou na televisão. Mas não os trazemos unicamente por essa razão. O casting de cada obra contempla outras exigências que respondem à produção de cada espetáculo. Sendo assim, cada produtora escolhe o melhor dos candidatos possíveis e disponíveis para dar vida a cada personagem, de forma que o casting seja coerente e equilibrado.

Os espetáculos continuam a ser às 23h00, quando a noite já se impôs e o calor da Extremadura abranda. A covid-19 obrigou a algumas adaptações? Os ensinamentos do verão passado, já em pandemia, foram úteis?

Na realidade, os espetáculos começam às 22h45, esclareço este detalhe para que ninguém chegue atrasado, embora o primeiro concerto inaugural tenha começado às 21h00 por exigências da emissão em direto. Quanto à questão sobre se tivemos de fazer adaptações.... nas peças não, mas sim na gestão do público. E, naturalmente, temo-nos apoiado no que aprendemos no verão passado. A máscara continua a ser obrigatória em todo o recinto do teatro, há sempre um espaço de segurança por cada compra de bilhetes realizada e a entrada e saída do teatro é feita de forma gradual.

Para o público português, alguém que não conheça nem o Teatro Romano de Mérida nem o festival, que sensação única pode prometer a quem vier assistir?

Posso prometer-lhes uma experiência inesquecível. Desfrutar de uma obra no Teatro Romano de Mérida, numa noite de verão, sob as estrelas... reencontrar os clássicos da nossa cultura comum, ver alguns dos melhores atores e atrizes do momento a atuar em direto num cenário milenário... Posso garantir-lhes que é absolutamente inesquecível.

Para os apaixonados pela temática greco-romana, além das peças de teatro, que outras atividades, e peço dois ou três exemplos, promove este ano o festival?

Temos duas exposições no Museu Nacional de Arte Romano, que sem dúvida merecem uma visita (Imperium y Tempus Fugit). Mas há ainda workshops, conferências nas quais participam palestrantes portugueses, dois desfiles, cinema de verão, que este ano tem como temática o Mare Nostrum. Também não podemos esquecer as três extensões do festival, em Medellín, Regina e Cáparra, outros três enclaves romanos nos quais a cultura greco-latina reviveu graças ao festival. Neste sentido, recomendo uma visita aos vestígios arqueológicos e uma noite de teatro sob as estrelas.

leonidio.ferreira@dn.pt

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