E imagens de jornalistas a errar, não há?

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O futebol é muita coisa. Pode ser simplesmente futebol, como a final da Taça, emotiva (do 2-0 ao 2-2, com penáltis a decidir). Mas o futebol pode ser também crime de ralé, profissionais sem vergonha e estúpidos a delapidar, por migalhas, o pequeno jeito que herdaram. Neste último caso, talvez estejam os futebolistas que a operação policial Jogo Duplo diz terem sido comprados para sabotar jogos secundários. Neste assunto fantástico cabe um mundo: o abuso do futebol, mito amado; a traição a colegas e admiradores; o dinheiro que compra pobres diabos, por pouco; a dimensão internacional da trama - o Extremo-Oriente a apostar no Oriental de Lisboa... A operação Jogo Duplo provará, ou não, o crime. Entretanto, ainda não apareceram boas reportagens sobre as suas personagens, nem a explicação dos meandros esquisitos - talvez seja cedo. Mas já tivemos, claro, a tradicional abordagem jornalística aos crimes por provar - encena-se e dá-se por factual o que só se presume. As televisões desencantaram imagens dos desconhecidos jogos dos supostos corrompidos, onde estes aparecem a errar. E isso é apontado, por jornalistas, como falhanços deliberados. Ora, nenhuma dessas imagens, apresentadas como prova de crime, revela situações tão caricatas como as acontecidas, ainda ontem, na final do Jamor. Onde só houve futebol limpo, embora com todo o acaso que um desporto comporta. O mau espetáculo jornalístico só serve para generalizar suspeições.

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