Benfica teve o apuramento na mão, mas caiu por causa de uma defesa de papel

A equipa de Bruno Lage esteve a vencer por 3-1 no início da segunda parte, mas erros defensivos em demasia permitiram ao Shakhtar empatar 3-3 e garantir a passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa.
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Não equipa que resista a um sistema defensivo que comete tantos erros como este do Benfica de Bruno Lage. O Shakhtar Donetsk conseguiu marcar por três vezes no Estádio da Luz e, como é lógico, conseguiu o apuramento para os oitavos-de-final da Liga Europa com um empate 3-3, fazendo valer o triunfo da primeira mão por 2-1.

E o mais impressionante é que os encarnados tiveram o apuramento na mão quando Rafa fez o 3-1 no início da segunda parte. Só que depois seguiu-se um chorrilho de disparates defensivos que foram aproveitados pelos ucranianos que, bem vistas as coisas, até poderiam ter vencido o jogo.

Para se ter uma noção do estado calamitoso da organização defensiva do Benfica, basta ver que nos últimos oito jogos a equipa sofreu... 14 golos. A única vez que Vlachodimos não foi batido foi no domingo, com o Gil Vicente, em Barcelos, numa partida em que, curiosamente, Bruno Lage juntou Samaris a Weigl no eixo central do meio-campo, o que não terá sido coincidência. Esta quinta-feira, o treinador benfiquista voltou a colocar Taarabt em vez do grego e a consistência da equipa naquela zona do terreno esfumou-se, aumentando o risco de perdas de bola em zonas perigosas, conforme tem sido habitual na forma de jogar do marroquino.

Mas será que o problema é só Taarabt a jogar como segundo médio? Não, nada disso. Basta ver como nasceu o primeiro golo do Shakhtar, com Grimaldo a fechar junto aos centrais e Rafa Silva a esquecer-se de acompanhar Dodô, o lateral do Shakhtar, que foi por ali fora até cruzar para o autogolo de Rúben Dias. É só um exemplo de como os laterais do Benfica estão constantemente entregues à sua sorte, não havendo ninguém no meio que possa compensar... até porque Weigl é só um e não chega para acorrer a todos os fogos.

Nesta altura em que o Benfica foi afastado da Liga Europa, competição em que tinha chegado pelo menos aos quartos-de-final nas cinco anteriores participações, Bruno Lage terá de fazer uma análise pormenorizada àquilo que é a forma constantemente desequilibrada com que a sua equipa aborda as transições defensivas. É que aquela máxima que diz que os ataques ganham jogos, mas as defesas ganham campeonatos é mesmo para ter em conta... pois nos últimos quatro jogos da I Liga sofreu seis golos e perdeu seis dos sete pontos que tinha de vantagem para o FC Porto.

Quinto autogolo da época

Apesar do pesadelo defensivo, os encarnados entraram muito bem no jogo, com uma pressão muito alta, que a equipa não apresentava há algum tempo. E essa estratégia colocou os ucranianos em grandes dificuldades, pois não conseguiam iniciar a construção do seu jogo e permitiam aos campeões nacionais rondar com perigo a baliza de Pyatov.

Aos nove minutos a boa dinâmica benfiquista deu frutos, quando Pizzi recebeu de Grimaldo e progrediu sem que ninguém lhe saísse ao caminho, aplicando um remate em jeito, colocado, que fez a Luz explodir de alegria. O Benfica estava em vantagem no jogo e na eliminatória.

Só que no melhor pano cai a nódoa. E no primeiro erro defensivo da equipa de Bruno Lage, o Shakhtar fez o empate, no tal lance em que Rafa se esqueceu de marcar Dodô, acabando o lance com Rúben Dias a tocar pela última vez na bola. Este foi o quinto golo marcado pelos encarnados na própria baliza... mais um sinal da péssima abordagem defensiva coletiva.

A Luz ficou em sobressalto, ainda para mais porque nos minutos que se seguiram o Shakhtar instalou o pânico no adversário cada vez que ensaiava um ataque e Vlachodimos até impediu que Ismaily marcasse. Só que na cobrança de um canto, Pizzi colocou a bola na cabeça de Rúben Dias que voltou a colocar o Benfica em vantagem (2-1), igualando a eliminatória.

Eliminatória na mão com golo de Rafa

O Benfica acabou bem a primeira parte e começou ainda melhor a segunda, quando Rafa Silva fez o 3-1, que punha os encarnados com um pé nos oitavos-de-final. É justo que se diga que o mérito vai todo para a pressão alta dos jogadores do Benfica, que obrigaram Matviyenko a fazer um mau passe para Pyatov, aproveitado por Dyego Sousa para oferecer o golo a Rafa.

A alegria benfiquista durou apenas dois minutos. Também na sequência de um canto, Stepanenko surgiu sozinho a cabecear para o 3-2. A partir desse momento os encarnados como que se desintegraram, apesar de estarem a apenas um golo de voltar para a frente da eliminatória. Foram 20 minutos em que a equipa de Luís Castro colocou a nu as fragilidades da defesa benfiquista, adivinhava-se o golo do empate, mas acabou por ser Seferovic a estar perto do golo, na primeira vez em que tocou na bola quando entrou, mas cabeceou ao lado quando estava sozinho...

A resposta do Shakhtar voltou a ser dura, com Alan Patrick a finalizar no coração da área uma jogada de ataque rápido em que Ismaily foi à linha de fundo para cruzar, num lance em que nenhum benfiquista incomodou verdadeiramente. A noite voltou a ser dura para o Benfica, que nos últimos seis jogos apenas venceu um. Mas Bruno Lage tem aqui mais um sinal de que precisa urgentemente de arrepiar caminho para corrigir os muitos problemas da sua equipa. É que a margem de erro no campeonato já foi esgotada.

VEJA OS GOLOS

1-0, Pizzi

1-1, Rúben Dias (pb)

2-1, Rúben Dias

3-1, Rafa Silva

3-2, Stepanenko

3-3, Alan Patrick

FICHA DO JOGO

Estádio da Luz, em Lisboa
Átbitro: Björn Kuipers (Holanda)

Benfica - Vlachodimos; Tomás Tavares, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi (Jota, 79'), Weigl, Taarabt, Rafa Silva; Chiquinho (Seferovic, 67'), Dyego Sousa (Carlos Vinícius, 79')
Treinador: Bruno Lage

Shakhtar - Pyatov; Dodô, Kryvtsov, Matviyenko, Ismaily; Marcos António, Stepanenko; Marlos (Tetê, 62'), Alan Patrick (Khocholava, 90'+2), Taison (Konoplyanka, 86'); Júnior Moraes
Treinador: Luís Castro

Cartão amarelo a Ismaily (44'), Rafa Silva (50'), Taison (83'), Ismaily (84'), Konoplyanka (87')

Golos: 1-0, Pizzi (9'); 1-1, Rúben Dias (12' pb); 2-1, Rúben Dias (36'); 3-1, Rafa Silva (47'); 3-2, Stepanenko (49'); 3-3, Alan Patrick (71')

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