DVDs do massacre na prisão de Manaus são um êxito no mercado negro

Imagens neste artigo podem perturbar os leitores mais sensíveis. Os filmes que mostram pessoas decapitadas e desmembradas esgotaram em vários pontos da cidade de Manaus.
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DVDs com imagens do motim no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, capital do estado do Amazonas, estão a tornar-se um sucesso no mercado paralelo, esgotando em vários pontos de venda.

O filme FDN x PCC - O Massacre reúne vários vídeos que circulavam na internet, gravados no dia 1 de janeiro, durante o motim em que 60 presos foram mortos e torturados. O título da obra é uma referência às fações criminosas envolvidas no conflito, a Família do Norte (FDN), que domina prisões no Estado do Amazonas, e Primeiro Comando da Capital (PCC), com sede em São Paulo.

O DVD estava a ser vendido a 2 ou 3 reais, menos de um euro, em bancas de vendedores ambulantes em vários pontos de Manaus, segundo a Folha, e já esgotou. Este jornal brasileiro conta, no entanto, que alguns vendedores garantem que em breve vão voltar a ter o DVD.

As imagens do motim que durou mais de 17 horas são violentas. Nelas veem-se pessoas decapitadas e desmembradas e corpos ensanguentados e queimados.

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O motim ganhou ainda outra dimensão mediática quando foi criado um jogo em homenagem ao preso Brayan Bremer. O jovem de 24 anos foi um dos 184 presos que fugiram do complexo penitenciário durante o motim e publicou uma selfie no Facebook durante a fuga.

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O presidiário, que pertence à FDN, segundo a Veja, mantinha a sua conta no Facebook atualizada e a 23 de dezembro, poucos dias antes da fuga publicou uma imagem com a frase: "Se toda alegria é passageira, nenhum massacre será eterno. Liberdade".

Brayan ainda não foi encontrado pela polícia, ao contrário de outros 40 fugitivos, e na semana passada foi lançado o Brayan Break, um jogo para smartphones em que o utilizador tem de ajudar o jovem e os amigos a fugirem da prisão.

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O jogo já foi descarregado mais de 10 mil vezes na Play Store.

O motim no complexo de Manaus foi o primeiro de uma série que fez um grande número de vítimas mortais nas prisões brasileiras antes do fim da primeira quinzena do ano. Neste morreram 60 presidiários. No dia seguinte, quatro presos morreram na Unidade Prisional de Puraquequara, também em Manaus. A 4 de janeiro morreram dois homens numa rebelião na prisão, na Paraíba. A 6 de janeiros, mais 33 pessoas morreram numa prisão brasileira em Roraima.

No dia 12, dois presos morreram na Casa de Custódia, em Maceió, e mais dois na Penitenciária de Tupi Paulista, em São Paulo, segundo a Folha.

No dia 15, domingo, 26 presos foram mortos na Penitenciária de Alcaçuz, em Natal, e outros dois na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná.

O presidente do Brasil Michel Temer foi criticado este mês por ter vindo ao funeral de Mário Soares ao invés de visitar as cidades onde ocorreram as primeiras chacinas.

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