A rir, a brindar, a conversar, a dar um aperto de mão. Assim foram fotografados os presidentes dos Estados Unidos e das Filipinas no jantar de gala do 50.º aniversário da ASEAN em Manila. Hoje, Donald Trump e Rodrigo Duterte terão um encontro bilateral e aquilo que todos querem ver é se o líder norte-americano vai ou não ter a coragem de criticar os métodos empregues pelo regime do seu homólogo filipino na guerra ao narcotráfico. Duterte confia que não. E fez questão de o dizer aos jornalistas, antes mesmo do encontro. No tom ameaçador que já o caracteriza.."Estou certo de que ele não vai suscitar essa questão. Não pode dar-se ao luxo de o fazer. Não falamos sobre essas coisas, porque em primeiro lugar não são verdade e em segundo lugar porque nós não praticamos essas coisas", disse ontem Duterte em Manila, citado pelas agências internacionais. O presidente das Filipinas referia-se às acusações de execuções extrajudiciais realizadas pela polícia no âmbito da "guerra contra a droga"..Antes da visita de Trump, a Amnistia Internacional pediu ao presidente americano que confronte o líder filipino com o balanço sangrento da violenta guerra contra o narcotráfico. "É hora de o presidente Trump dizer a Duterte que este deve colocar um fim às execuções extrajudiciais, à impunidade dos abusos policiais e aos ataques aos defensores dos direitos humanos", declarou a ONG, em comunicado a partir da sua delegação nas Filipinas. Num ano e quatro meses a guerra contra a droga de Duterte já fez mais de seis mil mortos e, desses, quatro mil poderão ter sido abatidos pela polícia, sublinha aquela organização..A AI acredita que Trump tem "o dever moral de confrontar Duterte para demonstrar o compromisso da sua administração com a defesa dos direitos humanos". Contudo, analistas consideram ser pouco provável que Trump o faça uma vez que elogiou anteriormente a eficácia da operação antidroga levada a cabo nas Filipinas numa conversa telefónica que manteve com Duterte, como este revelou em maio..Ainda antes de Trump chegar às Filipinas para a cimeira da ASEAN, Duterte deixou-lhe outro aviso. O presidente americano disse poder ser "um muito bom mediador e muito bom árbitro" nas disputas territoriais no Mar do Sul da China. Mas, para Duterte, é melhor deixar as coisas como estão. "Temos de ser amigos. As pessoas de cabeça quente gostariam que confrontássemos a China e o resto do mundo em muitas matérias. É melhor não tocarmos no Mar do Sul da China, ninguém se pode dar ao luxo de ir para a guerra", disse o presidente do país que disputa uma parte de influência naquele mar e é um antigo território dos EUA..A Coreia do Norte deverá ser outro tópico quente das reuniões. Ontem, no Twitter, Trump escreveu sobre o líder norte-coreano: "Porque é que Kim Jong-un insiste em chamar-me "velho" quando eu nunca lhe chamaria "pequeno e gordo"?. Bem, eu esforço-me tanto por ser amigo dele - talvez um dia isso venha a acontecer".