A Universidade de Genebra e o Instituto de Estudos Internacionais não renovaram o contrato do ex-Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, que cessará no final do ano. Segundo o jornal suíço Le Temps, o vínculo de Barroso ao ao banco de investimento Goldman Sachs é o motivo para a decisão. O ex-primeiro-ministro português era professor convidado daquele prestigiado estabelecimento de ensino superior, onde também estudou e trabalhou nos anos 80. Desde maio de 2015 que ali dava aulas sobre políticas europeias..A imprensa suíça dá conta do desagrado na instituição em relação ao novo "patrão" do "ex-aluno prodígio" da Universidade, lembrando que o banco de investimento norte-americano é considerado um dos líderes da crise financeira de 2008. Um antigo professor e amigo durante anos de Barroso, Dusan Sidjanski, atualmente com 90 anos, não poupa as críticas. ""Cortei todos os laços com ele", revelou, depois de lhe escrever uma carta dizendo que a sua ligação ao Goldman Sachs era uma "manchas para a Europa" e "para a sua família." "Ele usou as instituições da UE para participar nos piores bancos globais", sublinhou. "Não posso acreditar que neste momento ele destrua a sua reputação a este ponto. Isso mostra que ele é fraco ", assinala. Este professor sente-se "traído" pelo ex-aluno que o nomeou até seu assessor especial na Comissão Europeia.O vice-reitor da Universidade, Jacques Werra, enviou uma carta de agradecimento a Durão Barroso informando-o da não renovação. "Realizou totalmente o seu mandato", afirma o responsável, não comentando, porém, se essa decisão estava relacionada com a Goldman Sachs. "É uma questão abstrata uma vez que não era esperado que o mandato fosse além de 2016"..Segundo o jornal suíço o sentimento de "traição" é, no entanto, notório entre o meio académico. Antes de ser anunciada a sua contratação pelo banco norte-americano, Barroso deu a entender à Universidade que iria ter menos tempo disponível, pois iria trabalhar para uma "grande" entidade. "Disse-nos que não nos ia agradar", lembra René Schwok, diretor do Instituto de Estudos Global, da Universidade de Genebra..Contactado pelo jornal, José Manuel Durão Barroso não quis comentar..Neste momento Barroso é também professor convidado na Universidade Católica e professor visitante da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.