Duas dúzias de presos na maior repressão contra a oposição sudanesa dos últimos meses
Um dos principais membros da oposição sudanesa revelou que as forças de segurança nacionais, no dia 21 de fevereiro, prenderam cerca de duas dúzias de membros de opositores do governo enquanto se preparavam para entregar uma petição no palácio presidencial exigindo a demissão do Presidente Omar al-Bashir.
Isto significaria a maior repressão contra a oposição num só dia desde os que os protestos contra o governo de Bashir começaram há dois meses.
Mokhtar al Khatib, o secretário-geral do Partido Comunista do Sudão, três líderes do maior partido da oposição, o Partido Nacional Umma, e o principal organizador dos protestos, o porta-voz da Associação dos Profissionais Sudaneses (SPA) são algumas das personalidades políticas que foram detidas esta quinta-feira. A voz que denuncia a repressão é a de Rabah Sadiq al-Mahdi, filha de Sadiq al-Mahdi líder do Umma e maior figura da oposição sudanesa.
A detenção aconteceu quando os membros da oposição se juntavam no centro de Cartum e se preparavam para entregar uma petição. Nessa petição exigiam a formação de um novo governo transitório para substituir o Presidente Bashir e a sua administração.
As autoridades sudanesas não estavam imediatamente disponíveis para comentar as acusações.
A onda de protestos que tem assolado o Sudão tem sido praticamente diária, desde 19 de dezembro. Começaram como manifestações por melhores condições económicas (o Sudão sob o regime de Bashir tem conhecido uma cada vez maior inflação num período de escassez financeira), mas rapidamente ganharam um cariz político, protestando contra o governo, já de três décadas, de Omar al-Bashir.
Ainda esta quinta-feira, a agência Reuters presenciou um protesto que reuniu centenas de protestantes no centro da capital sudanesa. "Paz, paz contra ladrões" e "sai, já chega" foi o que se ouviu nas ruas de Cartum, num protesto cuja única exigência é a saída de Bashir do poder. Os protestantes foram repelidos com gás lacrimogénio pelas forças de segurança.
Omar al-Bashir é procurado pelo Tribunal Penal Internacional sob acusação de planear o genocídio da região de Darfur, o que ele nega. O Presidente sudanês tem insistido que o seu país seja removido da lista de países que Washington considera patrocinadores do terrorismo. Essa lista norte-americana bloqueou o investimento e a ajuda financeira que o Sudão esperava quando os Estados Unidos retiraram as sanções em 2017, segundo a Reuters.