Duas crianças morrem no mar Egeu no primeiro dia do acordo UE-Turquia
A guarda costeira grega anunciou hoje a recuperação dos cadáveres de duas meninas, as primeiras vítimas mortais no mar Egeu após a entrada em vigor do acordo que prevê o regresso à Turquia dos refugiados que cheguem à Grécia.
As meninas, de um e de dois anos, afogaram-se após caírem, em circunstâncias desconhecidas, de um barco de borracha, no qual viajavam entre 35 e 40 pessoas, ao largo do ilhéu de Ro, não longe da ilha de Rodes, revelou a guarda costeira grega.
Por outro lado, dois refugiados sírios sucumbiram a ataques cardíacos à chegada em canoa, durante a madrugada, à ilha grega de Lesbos, no nordeste do Egeu, indicou à AFP Boris Cheshirkov, representante na ilha do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
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Desde a meia-noite de hoje que a fronteira marítima está fechada aos migrantes ilegais que chegam à Grécia desde a Turquia, devido a um acordo polémico entre a União Europeia (UE) e a Turquia.
Nas últimas 24 horas e até às 08:00 locais, (06:00 em Lisboa) de hoje chegaram 875 refugiados às ilhas gregas, segundo dados publicados hoje pelo centro de gestão da crise do Governo, que não distingue entre os que chegaram antes da meia-noite e depois da meia-noite, quando entrou em vigor o acordo.
O governo grego começou sábado à tarde a retirar todos os migrantes e refugiados das ilhas para o continente, a fim de limpar os centros de registo, mas nas ilhas, esta manhã, estavam ainda 7.316 pessoas.
A partir de hoje, esses centros nas ilhas de Lesbos, Chios, Kos, Samos e Leros tornam-se o destino final da viagem, onde os migrantes e os refugiados terão de optar por pedir asilo à Grécia ou serem devolvidos para a Turquia.
Cada caso será analisado individualmente, de modo que as primeiras devoluções apenas deverão ocorrer dentro de duas semanas.
As autoridades gregas reconheceram a impossibilidade de aplicação imediata dos termos do acordo, deixando em aberto qual o destino que será dado aos migrantes que chegarem hoje.
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"Na verdade, precisamos de estruturas, a equipa está pronta e é preciso um pouco mais de 24 horas", admitiu sábado à AFP Giorgos Kyritsis, porta-voz do órgão de coordenação do socorro.
As cerca de 50.000 pessoas que estão retidas na Grécia devem optar por se inscrever no programa de deslocalização para outros países da UE, que continua a ser voluntária e que, até agora, produziu poucos resultados.
Após a assinatura do acordo UE -Turquia, o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que as deslocalizações de Grécia devem atingir as 6.000 pessoas por mês e apelou aos membros para demonstrarem solidariedade.
Em toda a Grécia existe um total de 48.141 migrantes e refugiados, com maior aglomeração no campo fronteiriço de Idomeni, com 12.000 pessoas.