É assim a festa da Taça. O Académico de Viseu, da II Liga, recebeu o poderoso FC Porto e arrancou um empate 1-1, que mais parecia uma vitória, tal foi a festa que os adeptos beirões fizeram após o apito final do árbitro João Pinheiro..É que na primeira vez que os viseenses chegam às meias-finais da Taça de Portugal, mantêm vivo o sonho de atingir o Jamor, depois de 90 minutos de luta que adiam a decisão sobre quem irá disputar a final do Jamor para a próxima semana (quarta-feira) no Estádio do Dragão..Para se ter bem a dimensão do feito alcançado pela equipa de Rui Borges, esta foi apenas a segunda vez na história que o Académico não foi derrotado pelo FC Porto, que tinha vencido os anteriores dez confrontos e cedido um empate no Fontelo, em 1988, quando os viseenses estavam na I Divisão..É certo que este 1-1 dá, para já, vantagem aos portistas devido ao golo que marcaram através de Zé Luís, mas o cabeceamento certeiro de João Mário faz acreditar os viseenses... afinal, a Taça de Portugal tornou-se uma prova mítica pelas surpresas que várias vezes acontecem..Poupanças para o clássico.A quatro dias do decisivo clássico com o Benfica, Sérgio Conceição optou por mudar oito jogadores em relação ao onze que tinha vencido o V. Setúbal, com Wilson Manafá, Mbemba e Luis Díaz a serem os únicos resistentes desse jogo do Bonfim. O que se compreende, uma vez que as meias-finais da Taça de Portugal são decididas a duas mãos e havia que concentrar energias para sábado..O jogo começou praticamente com uma grande oportunidade para os dragões, quando o jovem Vítor Ferreira, que se estreou a titular, fez um excelente passe a isolar Marega, que ainda fez o chapéu ao guarda-redes Ricardo Fernandes, mas a bola foi ao lado..Esse lance fazia supor que seria o prenúncio de um domínio avassalador do FC Porto frente a um adversário que ocupa o oitavo lugar da II Liga, mas isso não aconteceu. O Académico de Viseu mostrou-se sempre atrevido na forma como abordou o jogo, com uma pressão sobre o adversário ainda antes do seu meio-campo..A equipa de Sérgio Conceição sentia dificuldades em fazer circular o seu jogo para chegar com perigo ao ataque. Aos dragões pedia-se mais paciência, uma vez que o ritmo dos viseenses não poderia durar o tempo todo..O jogo decorria muito a meio-campo, com muitas bolas divididas e só a partir dos 25 minutos é que os portistas começaram a ter maior ascendente no jogo, mas sem grandes lances de perigo, sobretudo porque os passes não entravam. O Académico procurava então proteger a sua defensiva e tentava lançar o ataque com passes longos nem sempre bem-sucedidos..Até ao intervalo, só um remate de longe de Fernando Ferreira, que obrigou Diogo Costa a defesa segura, causou alguma emoção entre os adeptos que encheram o Estádio do Fontelo..Zé Luis quebra jejum e João Mário reacende a chama.Na segunda parte, o Académico de Viseu mudou um pouco a sua estratégia, baixando as suas linhas na tentativa de fechar bem os caminhos para a sua baliza e explorar o contra-ataque. E a verdade é que o FC Porto continuou a sentir muitas dificuldades em encontrar espaços por onde pudesse chegar à baliza adversária..Curiosamente foi num lance em que os viseenses procuravam atacar que nasceu o golo dos dragões. Fernando Ferreira perdeu a bola para Vítor Ferreira que lançou Zé Luís, que aproveitou para voltar aos golos dois meses depois de ter marcado pela última vez..Ainda faltava mais de meia hora para jogar e Sérgio Conceição aproveitou então para dar minutos a Nakajima, a pensar no clássico, uma vez que o japonês esteve algumas semanas parado devido a lesão. Só que pouco depois, surgiu o empate do Académico de Viseu pela cabeça de João Mário, que surgiu entre Saravia e Mbemba, para fazer o empate..Os adeptos viseenses festejaram e bem o golo, afinal esta é a primeira vez que o clube está a disputar o acesso à final da Taça de Portugal e o sonho continuava vivo. Quem não gostava era Sérgio Conceição que lançava de imediato Jesús Corona e Soares na tentativa de dar mais poder de fogo no ataque, uma vez que Marega e Zé Luís (apesar do golo) estiveram muito apagados..É certo que os dragões ganharam maior dinamismo no ataque, viram Nakajima obrigar Ricardo Fernandes a uma grande defesa, mas a capacidade de luta dos jogadores do Académico permitiu segurar este empate a uma bola, que dá vantagem ao FC Porto por causa do golo marcado fora, mas que alimenta o sonho dos viseenses durante mais uma semana. É que na próxima quarta-feira, no Dragão, tudo ficará decidido..VEJA AQUI OS MELHORES LANCES DA PARTIDA:.FICHA DO JOGO Estádio do Fontelo, em Viseu Árbitro: João Pinheiro (Braga).Ac. Viseu - Ricardo Fernandes; Rui Silva, Pica, Félix Mathaus, Lucas Silva; Luisinho (Bruninho, 90'+4), Fernando Ferreira (Anthony Carter, 67'), Kelvin Medina, João Oliveira; Jean Patric, João Mário (Diogo Santos, 90'+7) Treinador: Rui Borges.FC Porto - Diogo Costa; Saravia, Mbemba, Diogo Leite, Wilson Manafá; Romário Baró, Vítor Ferreira, Loum; Marega (Soares, 73'), Zé Luís (Jesús Corona, 73'), Luis Díaz (Nakajima, 64') Treinador: Sérgio Conceição.Cartão amarelo a Loum (13'), Lucas Silva (84'), Romário Baró (84'), Anthony Carter (90'+2).Golos: 0-1, Zé Luís (59'); 1-1, João Mário (71')