Dragão vai gozando estes tempos em que tudo corre bem
Terceira vitória seguida, terceira vitória fora de casa no campeonato e tudo a correr de feição para o FC Porto nesta fase porque aos três minutos estava a ganhar 1-0 e o adversário reduzido a dez homens. O dragão goleou o Feirense, manteve a baliza outra vez inviolada (pelo sétimo jogo seguido) e chega a dezembro no seu melhor período.
É bom mas em dezembro passado a equipa chegou ao primeiro lugar... apenas por uma jornada (perdeu em Alvalade) e logo em janeiro despediu Lopetegui. E nunca mais se encontrou verdadeiramente. Neste ano a equipa parece melhor, conseguiu a entrada nos oitavos da Champions e os sinais são mais positivos. Mas é preciso ter o contexto todo...
O FC Porto entrou mesmo no jogo a ganhar e teria 87 longos minutos contra dez porque foi penálti, expulsão de Ícaro e golo de André Silva - e aparentemente foi boa a decisão do árbitro, por muito que seja duríssimo ter uma expulsão assim: na verdade, Ícaro pôs a mão, a intensidade não sabemos.
Parecia que estava tudo encaminhado para o dragão e afinal não foi bem assim, porque este é um Feirense à José Mota, cada lance é sempre o último e deu que fazer na primeira parte, até aparecer o 3-0 seis minutos depois do intervalo. Se há alguma coisa que define as equipas deste treinador é que são agressivas, competitivas e sabem sempre onde é a baliza adversária. Ícaro em dois minutos teve na cabeça o 1-0 (a bola saiu por cima) num livre lateral, depois foi expulso a seguir e a equipa perdeu, além de um defesa, aquele que é um dos seus pilares. Mas mesmo assim ninguém se rendeu - aos 18", calafrio para Casillas com um tiro de Tiago Silva ao poste depois de outro lance de bola parada. E teve cantos e ao intervalo tinha tantos remates como o adversário (três), porque o FC Porto não jogava bem mesmo após Brahimi ter chegado ao segundo golo na sequência de lançamento de linha lateral.
Só após o intervalo a equipa de Nuno Espírito Santo foi capaz de ser estrategicamente inteligente: contra dez era preciso ter a bola, fazer os homens do Feirense correr atrás dela e esperar pelo momento certo. E foi assim que rapidamente chegou ao terceiro, aos 51", na sequência de um canto - Marcano confirmou o golo. Com naturalidade e mostrando uma equipa mais madura do que na primeira parte. Uma equipa que marcou três golos de bola parada, os primeiros desta goleada na terra da fogaça.
O quarto golo foi outra vez de André Silva, de cabeça - e lesionou-se nesse lance e deu o lugar a Rui Pedro para os últimos 20 minutos, em que os dragões podiam ter marcado mas também Platiny atirou à barra mesmo a acabar. O Feirense procurou sempre jogar nos cem metros do campo, honra lhe seja feita. Está em maus lençóis, precisa de alguns retoques, mas a equipa ainda parece viva.
Para este bom período portista concorre muito um Óliver a encontrar o seu lugar no novo 4-4-2 mais definido com dois homens nas alas que têm também de aparecer no meio. E Brahimi está solto (mas vai para a Taça de África em janeiro), Corona muito confiante, Maxi a subir e os dois centrais com muito poucos erros. A equipa cresceu mas depende agora de como evoluírem jogadores como Jota e também Depoitre, porque vão precisar dele, não tenho dúvidas. Mas, tudo junto, continua a transmitir boas sensações e tem por onde crescer...