Dragão reagiu com força a todos os golpes
O FC Porto dominador que tem sido imagem de marca nesta época, sob comando de Sérgio Conceição, resistiu ontem a todos os golpes - do destino e de um excelente adversário - e saiu de chama bem viva de um jogo que se apresentava crucial para as futuras aspirações do dragão nesta Liga dos Campeões. A vitória, por 3-1, frente a um RB Leipzig que obrigou a equipa portista a várias faces durante os 90 minutos, deixa o FC Porto em segundo lugar do grupo, com excelentes perspetivas de passagem aos oitavos-de-final.
Os dragões entraram com a mesma fórmula utilizada nos últimos dois jogos do campeonato, contra Paços de Ferreira e Boavista, devolvendo o mexicano Corona ao onze titular também em jogos de Champions, ele que tinha sido um dos dois sacrificados ao intervalo no primeiro jogo, na derrota caseira com o Besiktas, e tinha começado do banco os dois jogos forasteiros (Mónaco e Leipzig).
A lesão de Marega logo no início (por volta dos dez minutos) obrigou cedo a alterar o figurino, contudo, com entrada de André André a forçar o FC Porto a ganhar tração uns metros mais atrás. Uma mudança que, no entanto, ganhou providencial sentido com a herança deixada pelo maliano no jogo: num canto que tinha sido conquistado pelo último esforço de Marega, a bola acabou por sobrar para Herrera, permitindo ao mexicano dar vantagem aos portistas, aos 13 minutos.
A partir daí o FC Porto adotou uma versão mais pragmática. Ainda continuou a conseguir chegar à área alemã por mais algum tempo (Aboubakar aos 18", André André aos 25"), mas o RB Leipzig foi progressivamente tomando conta da bola e da iniciativa. O sueco Forsberg deu os primeiros sinais de reação - aos 20", num livre traiçoeiro que permitiu a José Sá (que continua a ser o dono da baliza) brilhar com uma enorme defesa; e aos 30" chegou mesmo a fazer a bola entrar, mas já tinha sido assinalado fora--de-jogo. E o RB Leipzig passou a mostrar então as qualidades de uma das melhores equipas da supercompetitiva liga alemã, com grande capacidade de circulação de bola no processo de criação.
Soube sofrer e posicionar-se defensivamente o FC Porto nesta fase, contrariando os ímpetos de um ADN ofensivo e percebendo a qualidade do adversário. Faltou, no entanto, conseguir esticar o jogo, ter melhor critério nas transições ofensivas, o que foi deixando os dragões subjugados no seu meio--campo defensivo até ao intervalo.
Werner despertou o dragão
No reatamento, Timo Werner, o avançado que sofre com o barulho dos estádios, entrou para o lugar do português Bruma e empatou o jogo ainda antes de se ouvir sequer um ai na segunda parte (48") - foi o primeiro golo na Champions para um dos mais promissores avançados do futebol alemão (21 anos).
Com o empate, ameaçava ficar mais exposta a escassez de alternativas ofensivas deste FC Porto, que já não tinha Soares e perdera também Marega. No banco, sobrava... Hernâni, pelo que o desafio era mesmo dar a volta ao cenário com os mesmos protagonistas. Mas a equipa de Sérgio Conceição reagiu da melhor forma à adversidade e tomou rapidamente controlo das operações, partindo para cima do último reduto alemão com a voracidade que tem sido imagem de marca interna nesta época.
E em pouco mais de dez minutos o FC Porto voltou a ficar em vantagem, aproveitando mais uma vez da melhor forma um lance de bola parada - outro dos trunfos deste dragão de Sérgio Conceição -, desta vez com Danilo a responder de cabeça, na área, a um livre batido por Alex Telles. O internacional português, que marcou o seu primeiro golo nas competições europeias na noite em que cumpriu o 100.º jogo pelo FC Porto, já tinha, de resto, tirado as medidas à baliza um minuto antes.
Daí até final, o FC Porto ainda enfrentou nova contrariedade na lesão de Corona (entrou Maxi), mas já não voltou a perder o norte, mesmo com a natural pressão final dos alemães. E acabou o jogo em festa com a estocada final de Maxi Pereira, num contra-ataque em cima do apito final. O FC Porto segue forte também na Europa.