Dragão foi muito tenro para tantos defesas do Vitória no Bonfim

Nuno deixou Depoître no banco o jogo inteiro, uma decisão estranha quando do outro lado estava uma equipa que nada chateou Casillas
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O Vitória de Setúbal, depois de 90 minutos de porfiada defesa, repetiu o que havia feito ao Benfica e tirou dois pontos ao FC Porto ontem no Bonfim, mantendo o 0-0 e deixando o clube da Luz com cinco pontos de avanço na liderança antes de se deslocar ao Dragão.

O domínio dos dragões foi evidente a partir dos 25 minutos, com várias oportunidades falhadas, 90 minutos sem deixar o Vitória ter uma oportunidade de remate que fosse na sua área, mas sem conseguir marcar, sem conseguir fazer um bom jogo. Foram mesmo dois pontos perdidos, porque faltou peso atacante ao dragões para conseguirem a quinta vitória consecutiva. E assim hipotecou algumas hipóteses no campeonato, com dois empates a zero fora de casa nas primeiras nove jornadas e ambos em jogos parecidos. Também em Tondela deixou o tempo correr em demasia antes de tomar conta do jogo.

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O FC Porto continua a ter algumas limitações. Por exemplo, a ideia parece ser que a equipa deve ser sempre curta, com não mais de 35-40 metros entre o último defesa e o último avançado, o que dá bem para defender, mas por vezes faz que a equipa ataque mal, até porque defende muito atrás. Ontem começou assim, deixando o Vitória ter a bola no seu meio-campo sem ser agressivo na pressão. Por isso é que só aos 25 minutos teve mesmo uma oportunidade - incrível o falhanço de Óliver, num contra-ataque rápido de Jota que isolou o espanhol -, mas este acertou em Varela. Um contra-ataque nascido do primeiro canto a favor do Vitória. Jota viria a falhar outros dois golos, com Bruno Varela a defender de forma miraculosa num dos casos. De resto, domínio. Mas não grande jogo, não muitas ideias. E Nuno Espírito Santo voltou no fim a falar da juventude dos seus avançados - pois se não aproveita os mais velhos...

Ou seja, era preciso que a equipa funcionasse em bloco mas mais à frente - creio que estrategicamente Nuno quis apenas que a equipa fosse segura. Mas é preciso correr mais riscos - e desde o primeiro minuto - para ganhar estes jogos. Não era o Vitória que conseguia ter a bola, era o FC Porto que o permitia durante muito tempo. E esses 25 minutos fazem falta, quanto mais que não seja como desgaste do adversário, que não teve e que assim conseguiu melhor defender sem muitos erros. O 4-3-3 de José Couceiro não existiu, porque raramente ligou dois passes no meio-campo ofensivo. Mas defendeu muito e só precisou de um bocadinho de sorte e de ver os seus homens baterem-se como leões e serem experientes em certos lances.

De resto, Nuno teve uma noite má. Se Depoître não entra num jogo destes, é para jogar quando? É que para o último quarto de hora tirou Jota mas colocou Rúben Neves, com uma ideia qualquer mas que ninguém percebeu, creio que nem os jogadores. É estranho, porque a equipa ficou pior com as entradas de Rúben e Brahimi e sem capacidade para submeter o adversário a uma pressão asfixiante como acontece muitas vezes. O Vitória cerrou linhas, perdeu o tempo do costume e manteve o 0-0 com tranquilidade.

João Pinheiro é internacional e não arbitrou mal na maioria dos lances. Caseirinho, teve um golpe de autoridade num cartão amarelo a Otávio por uma simulação, mas houve toque de Vasco Fernandes na área, isso sim. Podia até não marcar penálti, mas o cartão foi mesmo para mostrar que ele é que manda. Anulou um golo ao Vitória mas havia mesmo fora-de-jogo no livre, que nem devia ter sido assinalado.

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