Doping: Alemayehu Bezabeh arrisca um ano de suspensão
A intervenção da Guarda Civil ocorreu numa altura em que o atleta de origem etíope estava prestes a ser sujeito a uma transfusão sanguínea, na companhia do seu treinador, Manuel Pascua Piqueras, que seria ministrada por Alberto León, ex-ciclista da BTT e um dos cabecilhas do esquema de dopagem, a par dos médicos e irmãos Eufemiano Fuentes e Yolanda. Os três eram também os líderes da rede desmantelada em 2006 na "Operação Puerto". León suicidou-se pouco depois da "Operação Galgo", no final do ano passado.
No mesmo dia em que se registou a operação da Guarda Civil, Bezabeh deslocou-se à sede da Real Federação Espanhola de Atletismo (RFEA), para dizer que pensava que o sangue que lhe fora tirado três semanas antes era para fazer análises. A instrutora do comité de competição da RFEA, Ana María Ros, propôs um ano de suspensão, baseando-se na colaboração e na confissão imediata do atleta, sanção semelhante à de outros corredores que no passado colaboraram com as investigações, como Paquillo Fernández, apanhado pela "Operação Grial", e Yesenia Centeno, que acusou eritropoietina (EPO), diz o El País.
De acordo com este jornal, há ainda outro obstáculo para pedir uma sanção normal (dois a quatro anos) e não a redução máxima prevista pelo código mundial antidoping: ao contrário do que especifica este documento, os regulamentos da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) ou até mesmo a lei antidopagem portuguesa, a legislação espanhola não estabelece a tentativa de doping como uma infracção.
Bezabeh admite não aceitar a proposta de sanção, pois esta afasta-lo-á dos Jogos Olímpicos de Londres 2012, por veto do Comité Olímpico Internacional (COI) a atletas punidos por infracções graves por doping. O atleta pondera pedir uma suspensão de seis meses, que lhe permitiria lutar por um lugar em Londres 2012 e não ser vetado pelo COI. A defesa aposta ainda na possibilidade de uma suspensão de seis meses deixar satisfeita a RFEA, que está sob olhares internacionais por o escândalo da "Operação Galgo" envolver alguns dos nomes mais sonantes do atletismo espanhol, incluindo a vice-presidente da federação (agora suspensa), Marta Domínguez.