Donos de carros velhos já preparam marcha lenta no centro de Lisboa
Uma manifestação contra as restrições de circulação para os carros com matrículas anteriores a 2000, no centro de Lisboa, está a ser preparada à "boleia" do Facebook, traduzida numa marcha lenta que deverá sair à rua dia 1 de fevereiro (domingo), para percorrer a nova Zona de Emissões Reduzidas (ZER) da capital. Há momentos a página garantia 166 presenças, enquanto aumentavam as declarações de indignação dos automobilistas face à medida da câmara de Lisboa que entrou ontem em vigor.
A opção pelo domingo é justificada com o facto de ser um dos dias - juntamente com o sábado - em que é permitida a circulação de viaturas anteriores a 2000, sendo que a concentração está agendada para as 14.00 horas no Parque Eduardo VII. A caravana deverá seguir pela Avenida da Liberdade, passando pelos Restauradores, Rossio e Rua do Ouro, voltando a subir a Rua da Prata, Rossio, Restauradores até regressar ao Parque.
A página criada por Tiago Nunes, com o nome "Marcha Lenta de Viaturas anteriores a 2000 e de Viaturas Clássicas e Pré-Clássicas" exibe já vários comentários de automobilistas indignados, sendo que uma das publicações compara os 373 gramas por quilómetro de dióxido de carbono emitidas por um Porshe Cayenne de 2003 às 150 de Hyundai Atos de 1998.
Aos que possuem viaturas com certificado de interesse histórico, a organização sugere que se façam acompanhar dos respetivos documentos, alertando que o objetivo não é promover um desfile de clássicos, mas antes uma marcha lenta "direcionada a todos os tipos de automóvel com data de matrícula anterior ao ano 2000, bem como a todos aqueles que pretendam juntar-se a esta marcha".
José Miguel Mira, colecionador de carros antigos, de Mafra, está entre os nomes que tencionam marcar presença na manifestação, alertando que quem decidiu impedir os automóveis com matrículas anteriores a 2000 de circular no centro de Lisboa "nada entende sobre catalisadores".
Em declarações ao DN questiona "o que fazem os centros de inspeção, se são eles que medem as emissões de CO2?", alertando que há carros com catalisadores que são "extremamente poluentes, como é o caso do Porshe Cayenne" e carros sem catalisador que "poluem pouco".
José Miguel Mira questiona ainda o critério adotado junto de "muitos autocarros" que prestam serviço na baixa lisboeta. "Foram banidos de outros países por serem muito poluidores, mas aqui já podem circular à vontade", sublinha, acrescentado que a medida da autarquia "ainda se poderia aceitar" se houvesse uma boa rede e transportes, "mas estamos muito longe disso", resume.