"Admito recorrer judicialmente. Gostava que não fosse necessário e que o proprietário reconsiderasse, mas será o meu último recurso", disse Nuno Gonçalves à Lusa..Em dezembro, o atual gerente da "Ginjinha sem Rival" e bisneto do fundador do estabelecimento foi informado pela empresa proprietária do edifício que tinha "seis meses para desocupar a loja" porque o prédio vai ser reabilitado e transformado num hotel com apartamentos, o que, diz, o apanhou "de surpresa".."Tentei chegar a um acordo de bom senso com os proprietários, o que não foi possível. Tivemos uma ordem de despejo e mais nada. Creio que num edifício com 280 metros quadrados de área de implantação, uma loja com 10 metros quadrados não inviabiliza qualquer projeto imobiliário, antes pelo contrário, valoriza, porque é um espaço de referência na cidade", disse à Lusa..O passo seguinte foi falar com as entidades oficiais -- Câmara e Turismo de Lisboa -- que se mostraram "atentas e sensibilizadas", mas Nuno Gonçalves teme que eventuais medidas que tomem "não cheguem a tempo"..Para o gerente da loja de licores, esta situação é consequência da nova lei do arrendamento, que "não salvaguarda um interesse muito superior ao familiar do negócio"..A "Ginjinha sem Rival" abriu portas em 1890, tem sido o negócio da família de Nuno Gonçalves desde o século XIX e transformou-se, entretanto, numa casa de referência da cidade de Lisboa.."Recebemos muitos portugueses e muitos turistas. Fazemos parte de todos os roteiros turísticos da cidade e dos guias internacionais. Participamos em eventos culturais e fomos os escolhidos para receber o evento 'Teatro na Loja' durante as Festas de Lisboa", disse o gerente..Nuno Gonçalves lamentou que, atualmente, não se preze a "memória da cidade" e frisou que a "ginjinha é o licor de Lisboa".