Dois supostos cúmplices na fuga de Carlos Ghosn foram presos nos EUA
Um homem e o seu filho, suspeitos de ajudar o ex-líder da Nissan Carlos Ghosn a fugir do Japão em dezembro, foram detidos nos Estados Unidos e devem comparecer perante um juiz na tarde desta quarta-feira, de acordo com documentos judiciais.
Michael Taylor, ex-membro das forças especiais americanas que se tornou um segurança privado, e seu filho Peter Taylor, ambos com mandado de prisão expedido pelo Japão, vão se apresentar por videoconferência diante de um juiz federal de Massachusetts.
Apresentam "grande risco de fuga" e devem permanecer detidos até o pedido de extradição do Japão, estimaram os promotores federais nos documentos judiciais.
Peter Taylor foi preso em Boston quando se preparava para partir para o Líbano, onde o ex-chefe da aliança Renault-Nissan se refugiou e que não possui tratado de extradição com o Japão.
Os dois homens, assim como o libanês George-Antoine Zayek, são acusados pelo Japão de terem ajudado o magnata a escapar da justiça japonesa durante uma fuga na noite de 29 de dezembro.
Ghosn estava em prisão domiciliar no Japão, onde seria julgado em abril de 2020, especialmente por suposta apropriação indébita financeira.
De acordo com os documentos do tribunal americano, os três homens aparentemente o ajudaram a esconder-se numa grande caixa preta, que eles então transferiram num avião particular.
O controlo de bagagem não era obrigatório naquele momento para esse tipo de aeronave.
Os dois norte-americanos acusados de contribuir para a fuga de Carlos Ghosn são Michael Taylor, 59 anos, um ex-agente das forças especiais dos Estados Unidos que passou algum tempo na prisão e o seu filho Peter Taylor, 27, um treinador de futebol americano, ambos residentes na cidade de Harvard, no estado de Massachusetts.
Michael Taylor foi enviado para Beirute como membro das forças especiais dos EUA no início da década de 1980, recebendo uma dispensa honrosa em 1983, tornando-se depois consultor de segurança privado, tendo efetuado alguns trabalhos no Médio Oriente. Entretanto aprendeu árabe e casou com uma libanesa.
Habitualmente contratado para ajudar pessoas a sair de situações de alto risco, trabalhava como informador secreto para investigadores federais, informou o Boston Globe em janeiro. O New York Times disse que contratou Taylor para ajudar a resgatar o seu repórter David Rohde, sequestrado por militantes no Afeganistão e mantido por sete meses nas áreas tribais do Paquistão.
No final dos anos 90, foi declarado culpado por plantar drogas no carro da esposa de um cliente. Também foi acusado de escutas telefónicas relacionadas com atividades ilegais. Em 2011, foi investigado por pagar retribuições para obter uma série de contratos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, tendo sido declarado culpado de fraude eletrónica e condenado a dois anos de prisão em 2015.
Já Peter Taylor jogava softebol e foi treinador de futebol americano na prestigiada escola Lawrence Academy de Massachusetts. O seu alegado envolvimento na fuga de Ghosn foi relatado pela primeira vez pelo Wall Street Journal em janeiro.