Doentes e acompanhantes cabo-verdianos em Lisboa realojados na Fundação O Século

Os 27 doentes e 11 acompanhantes cabo-verdianos, forçados a abandonar uma pensão em Lisboa onde estavam hospedados para receberem assistência médica em Portugal, foram realojados na Fundação O Século, comunicou o movimento Ubuntu CV.
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O vice-presidente de Ubuntu CV, Saturnino Rodrigues, disse à Lusa que "os doentes e acompanhantes foram realojados na Fundação O Século, sem que se saiba se a transferência é definitiva, uma vez que a embaixada de Cabo Verde em Portugal ainda não esclareceu".

Os cidadãos cabo-verdianos encontravam-se na Pensão Madeira, obrigada a fechar temporariamente, para a realização de obras de remodelação, pelo a embaixada de Cabo Verde foi contactada para proceder ao realojamento até 15 de dezembro do ano passado, prazo que foi alargado.

Em meados de dezembro, o embaixador de Cabo Verde em Lisboa, Eurico Monteiro, garantia que tinham sido encontradas "alternativas melhores para uma parte" dos 27 doentes e 11 acompanhantes que estavam na pensão Madeira.

"A embaixada recusou observar um prazo unilateralmente fixado. Existe já um acordo de princípio para o alargamento do prazo para mais dois meses, sensivelmente. E, mesmo que não existisse, ninguém ia ficar na rua. Obviamente que não! Absurdo seria se o Estado de Cabo Verde o permitisse", salientou Eurico Monteiro.

O processo, que a embaixada cabo-verdiana garantiu que seria concluído neste mês, está agora concluído, com o alojamento dos 27 doentes e 11 acompanhantes na Fundação O Século, em São Pedro do Estoril.

A despeito de o problema ter sido resolvido, o movimento Ubuntu CV continua a reclamar "habitação digna" para os doentes cabo-verdianos em Portugal, no âmbito de acordo do Estado português com os PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa].

"A embaixada de Cabo Verde em Portugal tem a responsabilidade de disponibilizar melhores condições aos doentes, habitações dignas. Sabemos da realidade económica de Cabo Verde, mas a verdade é que todos os meses aumenta o número de doentes que viaja para Portugal e as condições não são dignas em muitos casos", disse Saturnino Rodrigues.

O responsável do movimento salientou também que "o poder de compra dos doentes cabo-verdianos em Portugal continua a ser o mesmo, com as mesmas dificuldades financeiras".

De acordo com o Governo de Cabo Verde, entre 400 e 500 cabo-verdianos (cerca de 340 estão em casa de familiares, segundo a embaixada) viajam anualmente para Portugal para beneficiarem de assistência médica.

Por ano, o Governo cabo-verdiano despende "com os doentes em Portugal uma quantia superior a cinco milhões de euros".

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