Do romântico, ao líder autoritário com sentido de humor sarcástico
"Um romântico, um feiticeiro, com uma capacidade rara de seduzir, de hipnotizar (...) O nosso Rasputinezinho". Foi com poesia que Natália Correia definiu, um dia, o "Grande Educador da Classe Operária", Arnaldo Matos, um dos líderes mais polémicos da extrema-esquerda portuguesa durante o período revolucionário e que agora voltou ao centro das atenções.
Um regresso onde o romantismo não casa com a dureza dos seus ataques à esquerda - "Política de esquerda esta? Isto não é política de esquerda. Isto é tudo um putedo!" - mantendo o mesmo tom, o mesmo tipo de linguagem metafórica, a mesma agressividade de há 40 anos, quando o partido que ajudou a fundar garantia "A revolução avança a todo o vapor ou morre!" Diz quem com ele privou entre os anos 70 e 80, que o tempo, para Arnaldo Matos, "parece ter ficado fechado numa cápsula", como se "nada do mundo se tivesse alterado".