Do gato que viu planear a guerra ao que não passa sem lasanha
Estamos em 1941. Os ingleses haviam perdido navios no mar Mediterrâneo na sequência da II Guerra Mundial. E Winston Churchill, então primeiro-ministro britânico, meditava sobre a organização das suas tropas. Os desabafos eram praticamente sempre partilhados com um conselheiro especial de quatro patas - Jock, um gato amarelado -, lembra o secretário pessoal do Presidente John Colville.
Os gatos, que Churchill foi sempre tendo ao longo da sua vida, eram seus confidentes e fies companheiros. Diz-se que chegavam a partilhar a mesa das refeições. E mesmo depois de ter morrido, o antigo presidente inglês continua a apadrinhar os felinos; no seu testamento deixou instruções para que um gato amarelo (em honra aos vários Jocks que teve) continuasse sempre a viver confortavelmente na casa de Churchill em Chartwell, Kent.
É conhecido por ser independente, distante e solitário, o gato. Mas mesmo assim as pessoas gostam de o ter por perto. Fez companhia a muitas referências mundiais da literatura e tornou-se fonte de inspiração para várias histórias. O escritor francês Charles Baudelaire declarou-lhe o seu amor no poema "Os Gatos", o norte-americano Edgar Allan Poe escreveu um conto intitulado O Gato Preto (que teve direito a adaptação cinematográfica), Jorge Amado criou uma história de amor entre um gato malhado e uma andorinha e Luís Sepúlveda pôs um gato a dar lições de voo a uma gaivota.
Mas não é só nos livros que os gatos obtêm protagonismo. Também no ecrã, da televisão e do cinema, alguns foram conquistando a imortalidade em vez das sete vidas. Garfield, o gato laranja e gordo que não passa sem lasanha, começou por ser uma estrela da banda desenhada nos jornais, mas foi na televisão e no cinema que foi ganhando relevo.
Tal como muitos outros: a gatinha Hello Kitty, Chershire, a personagem do livro de Lewis Carroll Alice no País das Maravilhas, o gato Félix, Silvestre ou Tom, o companheiro de desacatos do rato Jerry.
O primeiro registo do gato remonta à civilização egípcia, onde o animal figurava em estátuas, pequenos amuletos e pinturas murais. A deusa do amor, por exemplo, era representada com uma cabeça de gato.