Distração na comunicação

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Caso Luís Filipe Vieira (ontem detido), caso Joe Berardo (libertado com caução de 5 milhões de euros), caso Tancos (com o ex-ministro Azeredo Lopes ilibado) e caso Ricardo Salgado (julgamento iniciou-se sem o ex-banqueiro); todos tiveram desfecho ou desenvolvimentos nos últimos dias.

A justiça parece ter começado a acelerar toda ao mesmo tempo e, curiosamente, em véspera das férias judiciais. O caso mais recente é o de Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, detido no âmbito dos negócios com o empresário José António dos Santos, conhecido como "rei dos frangos", que também foi detido. Igualmente detidos foram o filho do líder benfiquista, Tiago Vieira, e o empresário que tratou da ida de Jorge Jesus para o Flamengo e do seu regresso ao clube da Luz, Bruno Macedo.

As buscas passaram por Lisboa - e o Benfica confirmou as operações -,Setúbal e Braga. Em causa estão suspeitas de crimes de burla qualificada ao Fundo de Resolução bancária, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. São negócios no valor de 100 milhões que estão em investigação. A operação foi levada a cabo por agentes da PSP e da Inspeção Tributária. E está a ser liderada pelo procurador Rosário Teixeira, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), ​Paulo Silva, da Inspeção Tributária de Braga, e pelo juiz Carlos Alexandre.

Luís Filipe Vieira, que foi detido ontem para evitar a fuga, será igualmente suspeito do crime de abuso de confiança referente a ganhos milionários que terá obtido na venda de 25% do capital do Benfica SAD a um empresário estrangeiro. A investigação tem origem no processo Monte Branco, a rede suíça de fraude fiscal e branqueamento de capitais que operava em Portugal e foi desmantelada em 2011.

Todos estes casos de justiça são de grande aparato, forte impacto jurídico, político e mediático. Todas estas situações ocorrem num momento crítico da (falta) gestão da quarta vaga da pandemia. Hoje é, uma vez mais, dia de reunião de Conselho de Ministros e os portugueses poderão mesmo ficar a conhecer medidas mais restritivas para controlar a covid-19. Enquanto isso, dá um jeitão que o povo fique distraído com a justiça e com o futebol, ainda para mais estando na mira o Benfica, o clube português com mais sócios e mais adeptos.

Por vezes, tudo o que parece é. E o efeito da distração é uma ferramenta de gestão de comunicação. Quanto ao resto, à justiça o que é da justiça!

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