A portaria em causa foi publicada em Diário da República no dia 10 de abril e categoriza os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em grupos de I a IV, hierarquizando as unidades de acordo com a natureza das suas responsabilidades e as valências exercidas, e em alguns casos retira-lhes valências, em função da sua classificação..A carta de repúdio contra esta portaria que se aplica "de forma cega à rede hospitalar de todo o país" foi assinada por 99% dos diretores de serviço do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), disse à Lusa Helena Nunes de Almeida, chefe de serviço da Unidade Autónoma Urgência e Cuidados Intensivos Pediátricos..A carta foi formalmente entregue no dia 22 de abril à administração do hospital, disse Helena Nunes de Almeida, adiantando que "a administração está a desenvolver esforços no mesmo sentido". ."Não sabemos resultados, não nos foram dadas garantias, mas até ao fim da semana está em negociações com tutela", acrescentou..A responsável considerou que a decisão não poderá vir muito depois disso, porque esse é praticamente o período que as administrações regionais de saúde (ARS) têm para propor a diminuição das valências médicas..As ARS dispõem de 30 dias desse a publicação do diploma para reformular as áreas dos hospitais..Na missiva, os responsáveis hospitalares lembram que o Amadora-Sintra é um hospital "com características excecionais pela área enorme que serve (650 mil a 800 mil habitantes) e pela diferenciação que atingiu, servindo com cuidados excelência, na grande maioria das valências clinicas, essa população de características muito específicas"..A imposição da portaria sem levar em consideração essas características implicará a redução da área de influência em cerca de 200 mil utentes, "que serão reencaminhados para listas de espera de outros hospitais mais distantes, no prazo de um mês", alertam..O documento sublinha ainda que a aplicação do disposto no diploma levará "ao possível encerramento das especialidades de obstetrícia, neonatologia, neurorradiologia, cirurgia plática, cirurgia maxilo-facial, cirurgia pediátrica, anatomia patológica, cujo desempenho é dos melhores e mais volumosos do país".