Direção da Lusa preocupada com cortes orçamentais

Agência de notícias terá menos meio milhão de euros do que o previsto para 2017. A braços com saldo negativo em recursos humanos, Direção de Informação diz não assegurar os mínimos
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O diretor de informação da Lusa, Pedro Camacho, mostrou-se preocupado com os cortes de custos relativos ao orçamento de 2017. O Plano de Atividades e Orçamento da agência de notícias foi aprovado na segunda-feira e previa um reforço orçamental, mas o Estado, acionista maioritário, impôs uma diminuição de meio milhão de euros em gastos com pessoal, em fornecimentos e serviços externos.

"A Direção de Informação não pode deixar de se sentir satisfeita pelo anúncio da aprovação do orçamento e do plano de atividades para 2017, bem como da autorização para a contratação de três jornalistas. No ano passado vivemos em gestão corrente até setembro, pelo que já é uma boa notícia. A partir de agora não trabalhamos com duodécimos e podemos tomar decisões", disse ao DN. No entanto, Pedro Camacho não esconde a preocupação sobre a medida restritiva do Estado e sobre a consequência que poderá ter nos recursos humanos. "No momento em que falo ainda não sabemos qual é o impacto desse corte de 500 mil euros", informa.

Sobre a autorização da entrada de pessoal, explica: "Estas contratações não resolvem o problema da Lusa. Não é só na redação em Lisboa que há falta de pessoal, há nas delegações, quer em Portugal, quer no estrangeiro, e ao nível dos correspondentes. Não chega para assegurar os mínimos. O saldo continua negativo e temos de fazer escolhas. E isto é especialmente importante numa altura em que os jornais também não têm meios e esperam que a Lusa esteja lá."

A Lusa aguarda resposta da tutela para cinco pedidos de substituição de redatores. Desde 2010 deixou de ter ao serviço 21 jornalistas. "A Direção de Informação vai continuar a bater-se para que a Lusa tenha as condições para atingir o seu objetivo", afirma o antigo diretor da Visão.

O orçamento total da Lusa para 2017 cifra-se em 15,3 milhões de euros. No ano passado o Governo decidiu pelo reforço do orçamento da Lusa em dois milhões de euros. Como o orçamento só foi aprovado no fim de setembro, a gestão corrente obrigou a que os custos não ultrapassassem o exercício do ano anterior, pelo que na prática a agência não dispôs desses recursos.

Na segunda-feira, o ministro da Cultura Luís Filipe Castro Mendes, que tutela a Lusa, foi confrontado pelo deputado do Bloco de Esquerda Jorge Campos, em audição parlamentar, sobre o corte orçamental. "Ou o senhor ministro está mal informado ou qualquer coisa não bate certo", disse o bloquista sobre as declarações do governante. Minutos antes, Castro Mendes relevara a contratação, no primeiro semestre, de quatro jornalistas, bem como a referida autorização para a admissão de outros três, e o reforço no investimento, em instalações e equipamento, de 720 mil euros, quando em 2016 esse investimento foi de 320 mil euros. O ministro, que afirmara gostar muito da comunicação social, não respondeu ao deputado do BE, tal como não respondera ao social-democrata Pedro Pimpão sobre a aparente contradição entre "o reforço do papel da agência" e os cortes.

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