Diplomacia em vez de guerra. Verdade em vez de mentiras

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O mundo está a observar o comportamento da Rússia, e o padrão de agressões não provocadas contra a Ucrânia. As ações da Rússia são uma ameaça não apenas para a Ucrânia, mas para a Europa e para a ordem internacional que se baseia em regras. Os nossos objetivos são simples. Estamos ao lado dos nossos aliados e parceiros para apoiar a coesão europeia, fortalecer a nossa relação transatlântica e reforçar os estados e instituições democráticos. Fazemos isto para melhorar a vida dos cidadãos dos Estados Unidos e de Portugal.

E fazemos isto juntos. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, foi muito claro: os Estados Unidos não farão negociações sobre a Europa sem a Europa. Não faremos negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia.

Nas últimas duas décadas, a Rússia invadiu dois países vizinhos, interferiu nas eleições de outros países, usou armas químicas para levar a cabo assassinatos em solo estrangeiro, utilizou envios de gás como instrumento político e violou acordos internacionais de controlo de armas.

Em 2014, depois de milhões de ucranianos protestarem por um futuro democrático, a Rússia fabricou uma crise, invadiu e ocupou o território ucraniano na Crimeia e orquestrou uma guerra no leste da Ucrânia com tropas russas e com grupos armados por si liderados, treinados, abastecidos e financiados. Esta guerra já custou mais de 14 mil vidas ucranianas. A Rússia continua a ocupar hoje partes da Geórgia e da Ucrânia e não honrou o seu compromisso de retirar forças da Moldávia. E agora as ações da Rússia, incluindo a colocação de mais de 100 mil soldados na fronteira da Ucrânia, estão a causar uma nova crise, não apenas para a Ucrânia mas para toda a Europa.

O presidente Putin, de forma desonesta, culpa a Ucrânia pelo aumento militar injustificado da Rússia. Mas a postura militar da Ucrânia e a aliança da NATO sempre tiveram um aspeto puramente defensivo. Ao contrário da Rússia, a Ucrânia manteve os seus compromissos no que diz respeito aos acordos de Minsk, que foram delineados para garantir um cessar-fogo em Donbas.

O que Putin realmente teme é que os valores democráticos e o exercício dos direitos humanos continuem a enfraquecer gradualmente o seu controlo sobre o poder. Respondendo a esses receios, a Rússia tem sido implacável nos seus esforços para minar a democracia ucraniana através de desinformação e intimidação militar. Em suma, as ações da Rússia são perigosas e desestabilizadoras.

Os Estados Unidos e Portugal estão empenhados em apoiar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Juntamente com os nossos aliados e parceiros, ajudaremos a Ucrânia nos seus esforços para se defender contra novas agressões russas. Continuaremos a apoiar os esforços da Ucrânia para promover reformas democráticas e de anticorrupção, bem como restaurar e proteger as suas fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Interesses de segurança europeus e norte-americanos estão em jogo

Tal como o secretário Blinken disse em Berlim a 20 de janeiro, há aqui muito em jogo. Estamos a falar do futuro da Ucrânia, é verdade, mas também dos princípios que tornaram o mundo mais seguro e estável durante décadas.

Estamos profundamente atentos ao que está a acontecer na Ucrânia porque respeitamos estes princípios, que sustentam a paz e a segurança internacionais: que as fronteiras e a integridade territorial de um Estado não podem ser alteradas pelo uso de força, e que os países têm o direito de tomarem as suas próprias decisões e determinar o seu próprio futuro. Todos os membros da comunidade internacional devem enfrentar consequências caso não cumpram as obrigações solenes que assumem.

Permitir que a Rússia viole estes princípios impunemente enviaria uma mensagem a outros em todo o mundo de que estes princípios são dispensáveis.

Os Estados Unidos querem continuar a construir a coligação internacional de parceiros, na Europa e em outros lugares, que veem claramente esta ameaça. Os nossos amigos em Portugal são fundamentais para este esforço. A nossa unidade e determinação transatlântica são as ferramentas mais eficazes que temos para combater a agressão russa. Estamos empenhados numa solução de diplomacia e deixamos claro que o caminho diplomático é a única solução duradoura para todos.

No entanto, se a Rússia escolher o segundo caminho e continuar a invadir a Ucrânia, estamos prontos e alinhados com os nossos parceiros e aliados para impor consequências maciças à Rússia, conforme confirmado recentemente pelo G7, a UE e a NATO. Seriam sanções significativas - financeiras, económicas e outras, que não impusemos no passado. Também reforçaríamos as defesas da Ucrânia e da NATO na medida do necessário, precisamente aquilo que Putin afirma não querer.

A ameaça da Rússia à Ucrânia é uma ameaça aos valores democráticos em todo o mundo. Os americanos e os portugueses devem unir-se à Ucrânia para garantir uma Europa livre e estável, que é do maior interesse para os povos que vivem em democracia, sejam eles americanos, portugueses ou outros pelo mundo fora.

Encarregada de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos da América

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