Diogo já pode brincar com a nova prótese da mão

Algo intimidado pelas máquinas fotográficas e de filmar, Diogo colocou hoje a nova prótese da mão. Uma oferta de um mecenas que, embora tenha marcado presença na clínica, preferiu manter o anonimato.
Publicado a
Atualizado a

"Quando vi a reportagem no telejornal sobre o caso desta criança decidiu que lhe ia dar a mão". A confissão é feita pelo homem que ofereceu a prótese ao Diogo. Engenheiro civil "teoricamente reformado, por não conseguir estar parado", este homem de 65 anos, da região de Lisboa, diz ter ficado chocado quando tomou conta do caso de Diogo.

Recorde-se Elisabete Farinhoto, a mão do menino de quase três anos, lançara uma campanha de recolha de tampinhas para adquirir uma mão mioeléctrica. Quando tinha recolhido as 18 toneladas necessárias, a empresa que iria reciclar as tampinhas e, assim, dar o dinheiro para pagar a prótese, informou Elisabete que, afinal, tinham de ser 36 toneladas.

"Fiquei chocado com isto, pois a mãe estava na expetativa das 18 tonelas e, afinal, eram precisas mais", conta o mecenas. No final da reportagem, revela, pediu à mulher para ligar para a televisão a pedir o contato da mãe, para falar diretamente com ela. "Decidi logo que lhe pagava a prótese, mas não queria intermediários, queria tratar de tudo com ela", explica.

Para além da revolta deste revés sofrido por Diogo, o engenheiro civil confessa que outra das razões que o motivou a este gesto foi o facto de ter cinco netos. "Podia ter sido com um deles", lembra a esposa. Como condição, o casal de mecenas só colocou uma: "Quero estar presente nos momentos mais importantes, como quando ele tirou a outra prótese, e hoje, que vem meter a nova".

A reação de Diogo à nova prótese não podia ser melhor. "Ele reagiu muito bem, quando estávamos aqui sozinhos começou logo a brincar com os brinquedos deles", conta a mãe. Que adianta que a primeira coisa que o Diogo fez foi apertar-lhe o nariz.

É que a grande diferença da nova prótese para a anterior é precisamente o facto esta mexer três dos cinco dedos. Os dedos são ativados por um sensor instalado no encaixe da prótese, que contrai os dedos sempre que os músculos do braço se contraem, explica a ortopratésica Joana Ferreira, que está a acompanhar o Diogo.

"Quando deixa de haver contração dos músculos, a mão abre e ele pode soltar os objetos em que está a pegar", revela ainda esta especialista. Para já é esperar para ver a adaptação de Diogo à nova prótese. Joana Ferreira admite que o menino está a reagir muito bem, pelo que acredita que ele se vai adaptar bem.

Avaliada em 8400 euros, está prótese terá uma validade de dois anos. No final deste prazo, toda a parte eléctrica pode ser reaproveitada para uma nova prótese, com uma mão maior e a acompanhar o crescimento do menino.

Com a nova prótese paga, Elisabete Farinhoto vai continuar a campanha das tampinhas. "É preciso juntar dinheiro para pagar a outra prótese", confessa a mãe.

O engenheiro civil que pagou a nova prótese diz ter noção que a atual prótese terá de ser substituída. Por isso deixa uma garantia: "Enquanto puder e por cá andar vou ajudar o Diogo".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt