Dimitrov. O 'baby Federer' já não é só uma promessa

Búlgaro deixou para trás a fama de <em>playboy </em>e viveu o melhor ano da carreira, conquistando as ATP Finals e subindo a n.º 3 do ranking
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"As comparações já não importam": por fim, Grigor Dimitrov libertou-se do rótulo de baby Federer, deixou de ser apenas uma promessa, e afirmou-se em nome próprio. O tenista búlgaro completou o seu caminho de redenção: acabou "a melhor época da carreira" com a conquista das ATP Finals e a subida inédita a n.º 3 do ranking mundial.

Foi uma brisa de mudança, a fechar um ano de nostalgia - marcado pelo regresso ao topo de Rafael Nadal e Roger Federer (que dividiram entre seus os quatro títulos do Grand Slam da temporada). Grigor Dimitrov, eterna promessa adiada do ténis, mostrou que pode ser uma certeza. No domingo, venceu as ATP World Tour Finals (o antigo Masters, torneio que encerra a época), batendo o belga David Goffin, na partida decisiva, por 7-5, 4-6 e 6-3. E ontem, na atualização do ranking, ascendeu a 3.º da tabela ATP, apenas atrás de Nadal (n.º 1) e Federer (2.º).

"Quem me dera conseguir explicar o que sinto. Foram duas grandes semanas, das melhores que tive na minha vida, sem dúvida", celebrou, no fim, o tenista búlgaro, de 26 anos. "O meu objetivo no início do ano era terminar nos dez primeiros do ranking e agora sou 3º: é fantástico", sublinhou.

O ênfase é justificado: depois de ter chegado ao top 10 do ranking no verão de 2014, Grigor Dimitrov entrou numa espiral de decadência - com períodos de grande instabilidade física e psicológica - que o foi afastando progressivamente da elite do ténis mundial. E só dois anos depois, quando passou a ser treinado por Daniel Vallverdu (antigo técnico de Murray e Berdych), se começou a reerguer. "Vivi os últimos dois anos numa montanha-russa, mas estou feliz pela forma como as coisas aconteceram. Desde que comecei a trabalhar com o Dani, aprendi um monte de coisas sobre mim próprio e comecei a acreditar mais em mim", explicou o búlgaro, ao voltar à ribalta, no início de 2017 (quando chegou às meias-finais do Open da Austrália).

Desde então, Dimitrov foi largando a fama de playboy, que era mais falado pelos luxos e relações fora dos courts (carros, relógios, gadgets e um badalado namoro com Maria Sharapova, entre 2012 e 2015) do que pelo que fazia dentro de campo. E até a nova e mediática namorada - a cantora Nicole Scherzinger, ex de Lewis Hamilton, maior vedeta da Fórmula 1 atual - o ajudou a estabilizar o Beckham búlgaro: "Uma das pessoas que teve um papel importante foi a minha namorada, Nicole. Ela merece muito crédito também", admitiu o tenista, depois de receber o troféu das ATP Finals. O triunfo no derradeiro torneio da temporada, na O2 Arena (Londres), chegou após uma semana perfeita para Dimitrov - que terminou invicto, depois de bater Dominic Thiem, David Goffin, Pablo Carreño Busta, Jack Sock e, novamente Goffin, na final. E coroou o búlgaro como o primeiro vencedor das ATP Finals na época de estreia na competição, desde o espanhol Alex Corretja, em 1998.

"Com o estado de espírito certo, com as pessoas certas e com o apoio certo, as coisas acontecem. Percebi que tenho realmente de trabalhar, entendi quem são as pessoas à minha volta e o que importa para mim. Aprendi muitas lições com esta evolução", notou ainda o tenista, depois de ergueu o oitavo - e mais importante - troféu da carreira.

Afinal, esse triunfo, quarto do ano (após os torneios ATP250 de Brisbane e de Sofia e Masters 1000 de Cincinatti), Dimitrov confirmou que ainda vai a tempo de concretizar a carreira que lhe auguravam quando ganhou Wimbledon e US Open em juniores (em 2008). E largou, por fim, o cognome de baby Federer. "O pior que uma pessoa pode fazer é tentar simplesmente os passos de alguém", diz o búlgaro, determinado a acabar com as comparações. Grigor Dimitrov, agora, caminha em nome próprio.

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