Diminuição das dádivas deve-se a fim da isenção das taxas moderadores

O presidente da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Guimarães disse hoje não ter "qualquer dúvida" que a diminuição das dádivas de sangue em Portugal se deve ao fim das isenções no acesso aos cuidados de saúde.
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"Não me venham com a desculpa de que a diminuição das dádivas se deve à ideia de que Portugal está a desperdiçar sangue. Nada disso. A explicação está no facto de os dadores de sangue terem perdido um direito adquirido há muitos anos, que era a isenção de taxas moderadoras", disse, à Lusa, Alberto Mota.

O responsável reagia, assim, às declarações do secretário de Estado adjunto da Saúde que, na quinta-feira, disse que se registou uma quebra de cerca de 20 por cento nas dádivas de sangue nos últimos dois dias, por se ter gerado a ideia de que Portugal estava a desperdiçar sangue.

Mas Alberto Mota sublinha que a diminuição das dádivas se regista desde que foram retiradas aos dadores as isenções no acesso aos cuidados de saúde.

Garante que, na associação que lidera, já se registou, este ano, uma quebra de dádivas na ordem dos 40 por cento.

"Aqui, a maioria dos dadores é gente com ordenados baixos ou desempregada, ou seja, aquela que mais precisa das isenções", refere.

Em 2011, a associação de Guimarães recolheu 6.270 dádivas de sangue, um número que, segundo Alberto Mota, pode este ano, se se mantiver a tendência, descer para as 2.500, o que seria "muito, muito preocupante".

A associação escreveu, hoje mesmo, ao ministro da Saúde, pedindo a reposição das isenções e alertando que, se isso não acontecer, deixará de haver dadores regulares para passar a haver apenas dadores pontuais.

"Por causa de uns tostões, o Governo parece querer deitar tudo a perder", disse ainda Alberto Mota.

Na carta enviada a Paulo Macedo, a associação frisa que "os dadores de sangue não querem contrapartidas, mas sim um reconhecimento pelo seu gesto".

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