Diana Krall com enchente no EDP Cool Jazz
O concerto de Diana Krall podia estar marcado para as 22h00, mas as várias centenas de pessoas que ontem à noite encheram o Jardim Marquês de Pombal, em Oeiras, tiveram de esperar alguns minutos até que a canadiana entrasse em palco com a sua banda (constituída por cinco músicos), ainda que tenha tido oportunidade de ouvir uma seleção de temas da história do jazz do início do século XX, feita pela própria artista.
Portugal foi um dos últimos países europeus a acolher a digressão de Diana Krall de apresentação do seu último álbum, Glad Rag Doll (2012), sendo que esta foi também a terceira vez que a cantora atuou no EDP Cool Jazz (cuja 10.ª edição termina este sábado). Mas isso não impediu que o Jardim Marquês de Pombal estivesse quase lotado para este regresso.
Ainda que esteja associada a uma vertente do jazz mais intimista, foi com a quase dançante We Just Couldn't Say Goodbye, do último disco, que Diana Krall deu mote para o concerto, sentado ao piano como nos habituámos a vê-la. Os ritmos dançantes voltaram a ouvir-se quando pegou numa das composições de Bing Crosby, There Ain't No Sweet Man Worth the Salt of My Tears, ao segundo tema da noite, privilegiando então a interação com a sua banda (e aqui o guitarrista teve um especial destaque). Aliás, ao contrário do que é habitual, logo no início do concerto Diana Krall apresentou todos os elementos do seu grupo (voltou a repetir isto na reta final do espetáculo).
Nesta fase inicial recuperou Temptation, original de Tom Waits, que não só arrancou do públicos alguns dos aplausos mais entusiastas da noite, como motivou um maior momento de improviso por parte da pianista e da sua banda, com especial predominância para o guitarrista.
Mas não deixou de mostrar a sua faceta mais intimista, sozinha em palco ao piano, recuperando composições de Irving Berlin (que motivou histórias sobre como canta para os filhos adormecerem), Nat King Cole ou Joni Mitchell (a célebre A Case of You, sugerida por um membro do público).
Ao longo de mais de uma hora Diana Krall não só apresentou a sua música, como lembrou os tempos em que ouvia os discos do início do século XX da coleção do pai ou de por vezes tocar ukele na banheira (ontem a tarefa coube a um dos seus músicos), mantendo a boa disposição e uma interação com os seus fãs que ajudou à cumplicidade entre público e artista.
Daí que depois de dizer adeus pela primeira vez com I'm A Little Mixed Up (também do último álbum), que no final levou a uma ovação de pé, a cantora tenha regressado para um encore, despedindo-se com uma nova incursão pelo repertório de Tom Waits, desta vez interpretando The Heart of Saturday Night, que muitos fãs cantarolavam para si.