Dia de folga e manter o passaporte: socialite do Koweit ataca direitos dos imigrantes
Conhecida pelos seus tutoriais de maquilhagem, Sondos Alqattan tem 2,3 milhões de seguidores no Instagram. Foi nessa rede social que a socialite koweitiana partilhou um vídeo em que ataca os direitos dados pelo pequeno emirado do Golfo aos imigrantes filipinos.
Perante a onda de críticas que as suas palavras provocaram, Algattan apagou o vídeo, mas reagiu, considerando ter sido "injustiçada". "Nunca, em nenhuma circunstância, no passado ou no presente, degradei ou maltratei um empregado", escreveu num post. E acrescentou: "Considero todos os empregados como seres humanos."
Algumas das empresas de cosmética que trabalhavam com Algattan cortaram relações com ela depois do escândalo. "Estamos totalmente contra os princípios expressos pela senhora Sondos Alqattan, que não refletem a marca Micallef", disse à BBC uma porta-voz da marca de perfumes.
"Como é que podemos ter um empregado em casa que mantém o passaporte com ele? Mas o que é pior é que têm um dia de folga todas as semanas! Já não quero uma empregada filipina!", exclama Algattan no vídeo entretanto apagado.
As reações não se fizeram esperar. A Migrante International, um grupo de defesa dos imigrantes filipinos, disse "condenar veementemente" as declarações da socialite. Num comunicado, a organização garante: "Seria mais útil se ela fosse visitar as Filipinas para testemunhar a pobreza e as dificuldades por que eles passaram antes de imigrar."
Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros filipino, há 250 mil filipinos a trabalhar no Koweit, na maioria como empregados domésticos. O pequeno emirado do Golfo, onde o petróleo contribui para 92% do PIB, tem uma população de 2,8 milhões, dos quais quase 70% são imigrantes.
No início do ano, as Filipinas proibiram temporariamente os seus cidadãos de viajar para o Koweit, na sequência de um incidente em que uma trabalhadora filipina foi morta e o seu corpo encontrado numa arca congeladora. A proibição foi levantada em maio quando os dois países assinaram um acordo que veio dar novos direitos aos trabalhadores filipinos.