Detido inglês condenado a 7 anos por matar jovem junto a bar em Albufeira
Um homem inglês, condenado a sete anos de prisão em Portugal por ter agredido, em Albufeira, um jovem de 23 anos que acabou por morrer no hospital, foi detido em Inglaterra mas está a tentar evitar a extradição requerida pelas autoridades portuguesas. John Hodgson alega que teme ser vítima de retaliações se for colocado numa prisão portuguesa. Além disso, diz que casou e tem dois filhos ainda crianças. A decisão de extraditar ou não o britânico de 29 anos - que permanece detido - será conhecida no dia 24 de fevereiro.
John Hodgson foi condenado a sete anos de prisão e a pagar uma indemnização de 138 mil euros aos pais de Ricardo Teixeira, jovem de 23 anos que foi agredido com uma cotovelada pelo inglês na madrugada de 7 de julho de 2011. Ricardo ficou em estado grave após a agressão no exterior de um bar de Albufeira e acabou por morrer, dias depois, no hospital.
O britânico foi acusado pelo MP e acabou por ser condenado em 2016 pelo Tribunal de Portimão, pelo crime de ofensa à integridade física, agravado pelo resultado, com o coletivo de juízes a dar como provado que agrediu Ricardo Teixeira com uma cotovelada na cara e regressou ao bar. O caso aconteceu à saída de um bar, na rua da Oura. Em resultado da agressão, o jovem caiu pelas escadas e sofreu um traumatismo cranioencefálico. Nunca mais recuperou. A morte foi declarada uma semana depois, no hospital de Faro.
Na altura, o tribunal não deu como provado que Hodgson fosse segurança de um bar. O inglês, hoje com 29 anos - tinha 20 quando ocorreu o crime -, nunca compareceu em tribunal, não tendo mais regressado a Portugal.
Como a sentença transitou em julgado foi emitido um mandado de detenção europeu pela justiça portuguesa. Hodgson foi detido há dias em Kent, na Inglaterra, e foi presente já a um juiz numa audiência para decidir a extradição. Segundo a imprensa local, a procuradora Catherine Brown apresentou os motivos para a extradição, descrevendo os factos que levaram à condenação. E questionou o acusado: por que razão nunca compareceu em tribunal?
"Tinha medo, temia pela minha segurança. Ouvi dizer que a família dele fazia parte de um gangue ou de uma máfia. Vi também fotografias dos protestos que fizeram, com um cartaz onde se lia 'Inglês assassino'. Não sei se não podem fazer-me mal numa prisão portuguesa", disse Hodgson nesta audiência, onde também se vitimizou por estar a sofrer de "ansiedade e depressão" com o caso.
A sua mulher esteve presente na audiência e tem fornecido fotos da família - o casal tem dois filhos ainda crianças - à imprensa britânica, recorrendo ainda à justificação que a vítima estava alcoolizada e sob efeito de drogas quando o incidente ocorreu.
A advogada de defesa Natasaha Draycott usou esta situação como argumento para não se extraditado: "Peço que leve em consideração o efeito que a extradição terá sobre a sua família. A extradição dele pode ser desproporcional ao castigo que já enfrentou", disse, com a procuradora Catherine Brown a retorquir, dirigindo-se ao juiz: "Ele aceitou ser um fugitivo e cabe agora decidir se é uma questão de saber se ele tem medo genuíno de voltar a Portugal ou se deseja evitar o castigo."
"Trata-se de uma ofensa muito séria, com sentença de sete anos em Portugal. Atualmente, não está a tomar nenhum medicamento que não possa ser administrado em Portugal. Se for extraditado, isso pode levar a um declínio da sua saúde mental, no entanto, as autoridades portuguesas poderão tratar disso", disse a magistrada, citada pelo jornal KentOnline.
O juiz Gareth Branston reservou a decisão para 24 de fevereiro. Até lá, Hodgson está detido numa prisão inglesa.
Passaram nove anos sobre a morte de Ricardo Teixeira e quatro sobre a sua condenação em Portimão. Na altura, os pais da vítima queixaram-se da forma como o processo decorreu. "Foi condenado a sete anos de cadeia mas nunca vai sofrer aquilo que nós vamos sofrer na vida toda", disse a mãe Helena Barrocas ao Correio da Manhã, em 2016. Sobre a indemnização de 138 mil euros que o britânico foi condenado a pagar, a familiar disse que trocava o dinheiro "por uma pena maior".
Meses depois, a família, inconformada pelo inglês não estar a cumprir pena, veio a público queixar-se das custas judiciais que teve que pagar. "O meu filho foi morto e quem o matou, apesar de ter sido condenado, se calhar nunca vai chegar a ir para a prisão nem tão pouco pagar a indemnização. Mas eu e o meu marido vamos ter de pagar custas judiciais", lamentou a mãe de Ricardo Teixeira. Os pais dizem que tiveram de pagar 1020 euros, taxa aplicada pelo pedido de indemnização cível que fizeram.