Hospitais e medicina legal, correios, transportes, tribunais, trabalhadores dos impostos e até teatros. A lista de serviços que nas próximas três semanas podem paralisar com greves é grande e acabou de receber uma importante adesão, a dos oficiais de justiça, que neste fim de semana marcaram uma greve de cinco dias, a ser distribuída entre o final deste mês e o início do próximo. Mas se a última semana de junho é mesmo a mais preenchida com protestos, as paralisações começam já a meio desta semana, com problemas nos barcos que fazem as travessias do Tejo..Nas próximas semanas, são poucos os dias úteis que não têm pelo menos um protesto já agendado. A reta final da legislatura tem sido fértil em contestação social e nem a desmarcação das greves dos professores às avaliações, que chegaram a ser anunciadas para o final do ano letivo, dos enfermeiros e dos camionistas atenuou essa vaga, que é confirmada pelas estatísticas dos primeiros meses do ano. Olhando para os números dos pré-avisos de greve - que, note-se, nem sempre se traduzem em greves efetivamente realizadas - percebemos que qualquer um dos primeiros quatro meses de 2019 superou largamente os meses homólogos dos últimos anos..Segundo as últimas estatísticas publicadas pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), em abril registaram-se 90 pré-avisos de greve, mais 23 do que em abril do ano passado e mais 52 do que em abril de 2016, o primeiro ano da legislatura que agora chega ao fim. Valores que rivalizam mesmo com o mesmo mês de 2013 (92), em pleno período de contestação à intervenção da troika..Mas no mês anterior, o contraste em relação aos primeiros anos da governação do PS ainda foi maior. Em março, registaram-se 113 pré-avisos de greve, quase o dobro em relação a março de 2018 (64) e março de 2017 (61) e quase o triplo em relação a 2016 (42). Fevereiro, com 92 pré-avisos, e janeiro, com 70, foram mesmo, comparando com os mesmos meses desde 2012, os que somaram mais pré-avisos nesta década. Ao todo, foram apresentados 365 pré-avisos até abril, o que, mantendo-se o ritmo, antecipa um recorde na legislatura. Em todo o ano passado registaram-se 733, o valor mais alto desde 2015..Números que não espantam o secretário-geral da CGTP, que argumenta que eles demonstram a indignação generalizada dos trabalhadores, "que se sentem injustiçados num contexto de evolução da economia, para a qual contribuíram, sem que tenham o retorno merecido". E Arménio Carlos avisa que a contestação vai manter-se em alta, nada tendo que ver com o facto de estarmos em final de legislatura e de os sindicatos forçarem ganhos em período pré-eleitoral. "Não tivemos aumentos de salários, nem a valorização das carreiras e a concretização de compromissos assumidos pelo governo. O que podemos dizer é que a contestação vai manter-se e não apenas por estarmos em fim de legislatura. Vai manter-se até além de questões específicas de determinadas profissões, porque temos um problema geral associado à legislação do trabalho, que está em discussão no Parlamento.".Ainda nesta segunda-feira, a Intersindical vai reunir o Conselho Nacional para preparar mais formas de luta contra a revisão do Código do Trabalho, não sendo de prever nesta altura um cenário de greve geral, confirmou Arménio Carlos ao DN..Dos hospitais aos transportes, dos tribunais aos teatros.Já as greves setoriais vão avançar nesta semana, com dificuldades para quem quiser atravessar o Tejo de barco, ganhando força no final de junho e no início de julho noutras áreas. Na quarta-feira, os trabalhadores da Soflusa realizam uma paralisação parcial, de duas horas por turno, depois de uma reunião de revisão salarial dos trabalhadores da área marítima da empresa, que decorreu na semana passada no Ministério do Ambiente, com a administração e o secretário de Estado adjunto e da Mobilidade, que terminou sem acordo..Para sexta-feira, há um pré-aviso de greve dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que se repete uma semana depois, enquanto esperam pela marcação da votação parlamentar do diploma sobre a regulamentação da carreira..É aí, na última semana do mês, que se concentram greves que ameaçam parar serviços, em especial na área da justiça. Trabalhadores dos impostos, oficiais de justiça, procuradores do Ministério Público e médicos do Instituto de Medicina Legal, todos têm paralisações marcadas para essa semana, a que se juntam os médicos a 2 e 3 de julho e os trabalhadores dos CTT, a 5..Até os trabalhadores do Teatro Nacional de São Carlos e da Companhia Nacional de Bailado estão em greve, um diferendo com o Organismo de Produção Artística (Opart) que já afetou as apresentações da ópera La Bohéme, em Lisboa, e deixam em risco o bailado Dom Quixote, agendado para 11, 12 e 13 de julho, no Rivoli, no Porto..Apesar de as greves mais mediáticas e com maior impacto na população se realizarem em serviços públicos, o que os dados da DGERT mostram é que a maioria dos pré-avisos até vem de fora do setor empresarial do Estado: do total acumulado de 365 pré-avisos até abril, 264 vieram do setor privado e apenas 101 do setor empresarial do Estado. "O que só prova que não é verdade que sejam só os trabalhadores do Estado a lutar", sublinha Arménio Carlos..Reivindicações: aumentos e melhores carreiras. Mas faz sentido haver, em muitos casos, mais contestação social agora do que no período da crise económica? Responde o líder da CGTP: "Se analisarmos o que foi feito pelos sindicatos durante o período de intervenção da troika percebemos que houve também uma enorme contestação, muitas vezes sob a forma de manifestações marcadas para sábados, para que não tivessem impacto sobre as condições de vida dos trabalhadores, numa altura em que houve um grande retrocesso salarial. Nesta legislatura, algum desse rendimento foi reposto, o que assinalámos, mas essa devolução de direitos estagnou e esta contestação é legítima.".No resumo que o secretário-geral da CGTP faz das reivindicações gerais dos trabalhadores estão também os argumentos para as greves dos próximos dias: o bloqueio da contratação coletiva, o que implica que não haja atualizações salariais, a desvalorização das carreiras, a exigência de melhores condições de trabalho, a critica ao assédio laboral... "Não queremos recuperar num ano o que foi retirado em quatro. Mas é muito mais do que isso o que está em causa.".No início do ano, quando confrontado no Parlamento com uma notícia do Público que apontava para a apresentação de 112 pré-avisos de greve até 15 de fevereiro, o ministro das Finanças relativizou os dados, ao afirmar que quase metade dos pré-avisos eram na Educação e diziam respeito a greves diárias, a tempos não letivos, que "empolam a estatísticas"..Médicos, enfermeiros - com paralisações de vários dias financiadas por crowdfunding -, professores, guardas prisionais, oficiais de justiça e trabalhadores dos impostos foram algumas das principais classes profissionais que avançaram para a greve no último ano. O atual governo enfrentou também duas greves gerais da função pública desde que está em funções..O calendário das greves:.- Soflusa - 18 junho.- Técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica - pré-avisos de greve para 21 e 28 de junho.- Oficiais de justiça - 25 e 28 de junho, 2, 4 e 12 de julho.- Procuradores do Ministério Público - 26, 27 e 28 de junho.- Médicos de medicina legal - 26 e 27 de junho.- Trabalhadores dos impostos - 27 de junho.- Médicos - 2 e 3 de julho.- Trabalhadores dos CTT - greve geral a 5 julho.- Opart: Teatro São Carlos e Companhia Nacional de Bailado - 11 a 13 de julho, Dom Quixote, no Rivoli
Hospitais e medicina legal, correios, transportes, tribunais, trabalhadores dos impostos e até teatros. A lista de serviços que nas próximas três semanas podem paralisar com greves é grande e acabou de receber uma importante adesão, a dos oficiais de justiça, que neste fim de semana marcaram uma greve de cinco dias, a ser distribuída entre o final deste mês e o início do próximo. Mas se a última semana de junho é mesmo a mais preenchida com protestos, as paralisações começam já a meio desta semana, com problemas nos barcos que fazem as travessias do Tejo..Nas próximas semanas, são poucos os dias úteis que não têm pelo menos um protesto já agendado. A reta final da legislatura tem sido fértil em contestação social e nem a desmarcação das greves dos professores às avaliações, que chegaram a ser anunciadas para o final do ano letivo, dos enfermeiros e dos camionistas atenuou essa vaga, que é confirmada pelas estatísticas dos primeiros meses do ano. Olhando para os números dos pré-avisos de greve - que, note-se, nem sempre se traduzem em greves efetivamente realizadas - percebemos que qualquer um dos primeiros quatro meses de 2019 superou largamente os meses homólogos dos últimos anos..Segundo as últimas estatísticas publicadas pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), em abril registaram-se 90 pré-avisos de greve, mais 23 do que em abril do ano passado e mais 52 do que em abril de 2016, o primeiro ano da legislatura que agora chega ao fim. Valores que rivalizam mesmo com o mesmo mês de 2013 (92), em pleno período de contestação à intervenção da troika..Mas no mês anterior, o contraste em relação aos primeiros anos da governação do PS ainda foi maior. Em março, registaram-se 113 pré-avisos de greve, quase o dobro em relação a março de 2018 (64) e março de 2017 (61) e quase o triplo em relação a 2016 (42). Fevereiro, com 92 pré-avisos, e janeiro, com 70, foram mesmo, comparando com os mesmos meses desde 2012, os que somaram mais pré-avisos nesta década. Ao todo, foram apresentados 365 pré-avisos até abril, o que, mantendo-se o ritmo, antecipa um recorde na legislatura. Em todo o ano passado registaram-se 733, o valor mais alto desde 2015..Números que não espantam o secretário-geral da CGTP, que argumenta que eles demonstram a indignação generalizada dos trabalhadores, "que se sentem injustiçados num contexto de evolução da economia, para a qual contribuíram, sem que tenham o retorno merecido". E Arménio Carlos avisa que a contestação vai manter-se em alta, nada tendo que ver com o facto de estarmos em final de legislatura e de os sindicatos forçarem ganhos em período pré-eleitoral. "Não tivemos aumentos de salários, nem a valorização das carreiras e a concretização de compromissos assumidos pelo governo. O que podemos dizer é que a contestação vai manter-se e não apenas por estarmos em fim de legislatura. Vai manter-se até além de questões específicas de determinadas profissões, porque temos um problema geral associado à legislação do trabalho, que está em discussão no Parlamento.".Ainda nesta segunda-feira, a Intersindical vai reunir o Conselho Nacional para preparar mais formas de luta contra a revisão do Código do Trabalho, não sendo de prever nesta altura um cenário de greve geral, confirmou Arménio Carlos ao DN..Dos hospitais aos transportes, dos tribunais aos teatros.Já as greves setoriais vão avançar nesta semana, com dificuldades para quem quiser atravessar o Tejo de barco, ganhando força no final de junho e no início de julho noutras áreas. Na quarta-feira, os trabalhadores da Soflusa realizam uma paralisação parcial, de duas horas por turno, depois de uma reunião de revisão salarial dos trabalhadores da área marítima da empresa, que decorreu na semana passada no Ministério do Ambiente, com a administração e o secretário de Estado adjunto e da Mobilidade, que terminou sem acordo..Para sexta-feira, há um pré-aviso de greve dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que se repete uma semana depois, enquanto esperam pela marcação da votação parlamentar do diploma sobre a regulamentação da carreira..É aí, na última semana do mês, que se concentram greves que ameaçam parar serviços, em especial na área da justiça. Trabalhadores dos impostos, oficiais de justiça, procuradores do Ministério Público e médicos do Instituto de Medicina Legal, todos têm paralisações marcadas para essa semana, a que se juntam os médicos a 2 e 3 de julho e os trabalhadores dos CTT, a 5..Até os trabalhadores do Teatro Nacional de São Carlos e da Companhia Nacional de Bailado estão em greve, um diferendo com o Organismo de Produção Artística (Opart) que já afetou as apresentações da ópera La Bohéme, em Lisboa, e deixam em risco o bailado Dom Quixote, agendado para 11, 12 e 13 de julho, no Rivoli, no Porto..Apesar de as greves mais mediáticas e com maior impacto na população se realizarem em serviços públicos, o que os dados da DGERT mostram é que a maioria dos pré-avisos até vem de fora do setor empresarial do Estado: do total acumulado de 365 pré-avisos até abril, 264 vieram do setor privado e apenas 101 do setor empresarial do Estado. "O que só prova que não é verdade que sejam só os trabalhadores do Estado a lutar", sublinha Arménio Carlos..Reivindicações: aumentos e melhores carreiras. Mas faz sentido haver, em muitos casos, mais contestação social agora do que no período da crise económica? Responde o líder da CGTP: "Se analisarmos o que foi feito pelos sindicatos durante o período de intervenção da troika percebemos que houve também uma enorme contestação, muitas vezes sob a forma de manifestações marcadas para sábados, para que não tivessem impacto sobre as condições de vida dos trabalhadores, numa altura em que houve um grande retrocesso salarial. Nesta legislatura, algum desse rendimento foi reposto, o que assinalámos, mas essa devolução de direitos estagnou e esta contestação é legítima.".No resumo que o secretário-geral da CGTP faz das reivindicações gerais dos trabalhadores estão também os argumentos para as greves dos próximos dias: o bloqueio da contratação coletiva, o que implica que não haja atualizações salariais, a desvalorização das carreiras, a exigência de melhores condições de trabalho, a critica ao assédio laboral... "Não queremos recuperar num ano o que foi retirado em quatro. Mas é muito mais do que isso o que está em causa.".No início do ano, quando confrontado no Parlamento com uma notícia do Público que apontava para a apresentação de 112 pré-avisos de greve até 15 de fevereiro, o ministro das Finanças relativizou os dados, ao afirmar que quase metade dos pré-avisos eram na Educação e diziam respeito a greves diárias, a tempos não letivos, que "empolam a estatísticas"..Médicos, enfermeiros - com paralisações de vários dias financiadas por crowdfunding -, professores, guardas prisionais, oficiais de justiça e trabalhadores dos impostos foram algumas das principais classes profissionais que avançaram para a greve no último ano. O atual governo enfrentou também duas greves gerais da função pública desde que está em funções..O calendário das greves:.- Soflusa - 18 junho.- Técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica - pré-avisos de greve para 21 e 28 de junho.- Oficiais de justiça - 25 e 28 de junho, 2, 4 e 12 de julho.- Procuradores do Ministério Público - 26, 27 e 28 de junho.- Médicos de medicina legal - 26 e 27 de junho.- Trabalhadores dos impostos - 27 de junho.- Médicos - 2 e 3 de julho.- Trabalhadores dos CTT - greve geral a 5 julho.- Opart: Teatro São Carlos e Companhia Nacional de Bailado - 11 a 13 de julho, Dom Quixote, no Rivoli