Desassoreamento do rio Mira avança este ano
O desassoreamento do rio Mira, em Odemira, vai avançar este ano para retirar 130 mil toneladas de areia da foz, com vista à melhoria das condições de navegabilidade e minimização da erosão da praia da Franquia.
"É preciso o visto do Tribunal de Contas, mas temos a certeza que a intervenção começará este ano e durará cinco meses, para terminar antes do início da época balnear" de 2017, disse hoje à agência Lusa André Matoso, presidente da Sociedade Polis Litoral Sudoeste, que promove a obra.
O projeto de "Transposição de Sedimentos da Foz do Rio Mira para Reforço do Cordão Dunar" prevê a remoção de areia do fundo da foz do rio Mira e a sua recolocação na praia da Franquia, na margem norte do leito, em Vila Nova de Milfontes, bem como na praia das Furnas, a sul, no concelho de Odemira, distrito de Beja.
"A acumulação de areia formou um banco na foz do rio, que a água passou a contornar, retirando areia da praia da Franquia", explicou André Matoso.
É esse "banco de areia", localizado em frente à praia da Franquia, que vai ser removido.
"A intenção é eliminar esta barreira de areia para melhorar as condições de navegabilidade na foz do rio Mira e repor a areia nas praias, com recurso a uma operação de dragagem e depois a técnicas de relocalização", destacou.
Segundo o mesmo responsável, a formação do "banco de areia" poderá ter decorrido do enfraquecimento do caudal do rio Mira, com a construção da barragem de Santa Clara, inaugurada em 1969.
"Desde que foi construída a barragem de Santa Clara que o rio Mira começou a ter um caudal mais fraco e assim não tem sido possível limpar naturalmente aquela zona [da foz]", explicou.
A operação, que deverá decorrer ao longo de cinco meses, prevê a retirada de 130 mil toneladas de areia, até um máximo de 1,5 metros de profundidade abaixo do nível do mar, sendo cerca de 100 mil toneladas destinadas à praia da Franquia e o restante à praia das Furnas.
Além disso, o projeto vai permitir também a criação de um novo acesso à praia da Franquia, adaptado para pessoas com mobilidade reduzida.
Com um custo previsto da intervenção de 1,2 milhões de euros, o investimento total, que inclui estudos prévios arqueológicos, o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) e a elaboração dos projetos, será de 1,7 milhões de euros.
Caso seja aprovada a candidatura apresentada ao Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), o investimento será comparticipado em 85% por fundos comunitários.
O projeto de "Transposição de Sedimentos da Foz do Rio Mira para Reforço do Cordão Dunar", promovido pela Sociedade Polis Litoral Sudoeste (formada pelo Estado, que detém 51%, e pelos municípios de Odemira, Sines, Aljezur e Vila do Bispo), foi apresentado na quarta-feira, em Vila Nova de Milfontes, numa sessão que pretendeu promover "a participação pública".