Deputados alemães cancelam visita à Turquia após "provocação política"

Deputados falaram em pressões feitas por Ancara
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Um grupo de deputados alemães cancelou uma viagem à Turquia prevista para esta semana na sequência de diversas pressões provenientes de Ancara e que a vice-presidente do Bundestag (parlamento), Claudia Roth, definiu hoje como "provocação política".

Segundo Roth, foi transmitido aos deputados, através "das mais altas instâncias" em Ancara que "neste momento não se considera oportuno que parlamentares alemães mantenham conversações políticas na Turquia".

"De facto, isso equivale à rejeição do diálogo político, poderíamos também dizer que é uma carta vermelha para o Bundestag", considerou a dirigente política de Os Verdes, e exigindo que o Governo alemão promova um diálogo claro com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Roth referiu-se ainda a uma "nova escalada" da crise nas relações germano-turcas e uma "provocação política" dirigida ao Bundestag.

Em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Martin Schäfer, garantiu que foram desenvolvidos todos os esforços para concretizar esta visita apesar de "um contexto difícil".

"Após difíceis negociações" com a Turquia, a parte alemã teve finalmente de assumir a "triste certeza", transmitida por via oficial, de que a viagem "não podia realizar-se", acrescentou.

Segundo Ancara, explicou, a "situação política interna pouco favorável" não permite esta visita.

Já o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, admitiu como bastante provável um encontro entre a chanceler alemã, Angela Merkel, e Erdogan, no decurso da cimeira de países da NATO que decorre quinta-feira em Bruxelas, na sequência de contactos que estavam a decorrer entre as duas partes.

A delegação parlamentar germânica, liderada por Roth, deveria visitar Ancara, Diyarbakir e Istambul entre quinta-feira e domingo, para se informar sobre a situação na Turquia após o referendo de 16 de abril e no qual 51,41% dos turcos que votaram se pronunciaram pela introdução de um regime presidencialista.

Nesta deslocação não estava prevista uma visita à base de Incirlik, onde a Alemanha tem estacionado um contingente militar no âmbito dos esforços internacionais de combate ao grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

A Alemanha já admitiu retirar as suas tropas desta base, após a rejeição prévia da Turquia em permitir que deputados alemães visitassem os soldados.

A Turquia já vetou por diversas vezes a presença de uma delegação de deputados alemães em Incirlik, e a ministra da Defesa, Ursula von der Leyen, já se deslocou à Jordânia para estudar uma possível alternativa.

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