Depressão Helena. Avião desviado, telhados destruídos e muitas quedas de árvores
Grande parte do telhado do pavilhão gimnodesportivo do Sobreirense, em Sobreiro Curvo, no concelho de Torres Vedras, voou e ficou destruído na tarde desta sexta-feira, devido ao mau tempo, disse o comandante municipal da Proteção Civil.
"Uma parte da cobertura do pavilhão do Sobreirense voou com o vento e caiu na zona envolvente", afirmou à agência Lusa Fernando Barão. A queda da estrutura não provocou quaisquer vítimas, apesar de dentro do pavilhão estarem a decorrer atividades desportivas com crianças.
Também esta tarde, dois praticantes de kitesurf, de nacionalidade francesa, tiveram dificuldades em sair do mar na praia de Ribeira d'Ilhas, Mafra, tendo sido deslocados meios de auxílio para o local, disse o comandante do Porto de Cascais.
O mau tempo que se tem feito sentir esta sexta-feira em várias zonas de Portugal, por causa da depressão "Helena", teve efeitos ainda no tráfego aéreo, com a TAP a ver-se obrigada a enviar para o aeroporto de Faro um voo que vinha de Madrid e tinha Lisboa como destino original.
A Proteção Civil registou até às 18:30 de hoje 702 ocorrências devido ao mau tempo em Portugal continental, das quais se destacam a queda de árvores, segundo informação divulgada na página da Internet daquela autoridade. Foram mobilizados 2.435 operacionais e 919 veículos em todo o país, até essa hora, indica a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) na sua página de Internet.
A maior parte das ocorrências deve-se à queda de árvores, bem como à queda de elementos de construção em estruturas edificadas e a inundações de estruturas ou superfícies por precipitação intensa.
No que diz respeito às alterações provocadas no aeroporto pelo vento forte em Lisboa, fonte oficial da companhia aérea TAP disse à agência Lusa que, "devido às atuais condições meteorológicas, o voo TP1025 Madrid-Lisboa divergiu para Faro. Outros voos poderão também divergir nas próximas horas". No site da ANA -- Aeroportos de Portugal é possível verificar também que, em Lisboa, houve um voo da Easyjet, proveniente de Londres, que divergiu e dois da Ryanair, de Bruxelas e Frankfurt, que foram cancelados. Muitos dos voos registam, também, atrasos. No aeroporto do Porto há também alguns voos atrasados, mas, para já, não se encontram registos de cancelamentos, nem de divergências.
Em Espinho a Escola Secundária Manuel Gomes de Almeida foi evacuada depois de perder parte do telhado do edifício administrativo, e em Famalicão (na Avenida General Humberto Delgado, no campo da Feira) foi cortado o trânsito no sentido Braga/Porto, cerca das 9.30 horas.
Foi devido a uma rajada de vento que parte do telhado da Secundária Manuel Gomes de Almeida, em Espinho, tombou. A escola em causa é frequentada por cerca de 1500 estudantes e por uma equipa de 100 docentes, administrativos e auxiliares, sendo que, segundo declarou à Lusa o diretor do respetivo agrupamento, Ilídio Sá, "ninguém se magoou".
Os estragos foram causados "por uma rajada muito forte, porque se sentiu o edifício estremecer e em cinco segundos tinha tombado parte do telhado", contou. Segundo Ilídio Sá, as aulas já não serão retomadas hoje, mas no local estão agora bombeiros e outros elementos da Proteção Civil a avaliar a estabilidade geral do edifício, a remover as placas de alumínio que caíram da cobertura e a verificar o material necessário para as obras de segunda-feira, que "terão que ser reajustadas para responder ao que aconteceu".
Sendo a Escola Secundária Manuel Gomes de Almeida um edifício construído pela entidade pública empresarial Parque Escolar, a execução dos trabalhos será assegurada por essa estrutura, que já antes teve que lidar com danos na cobertura do mesmo imóvel. "É a segunda vez que passa por cá um fenómeno climatérico deste tipo", lamenta Ilídio Sá.
No distrito de Setúbal, a chuva e vento forte causaram 34 ocorrências, até às 18:00, relacionadas com queda de árvores, estruturas móveis ou danos em redes de fornecimento elétrico, informou o Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS).
No Alentejo, caíram também cerca de duas dezenas de árvores, devido ao forte vento e à chuva, e num dos casos a queda obrigou ao corte temporário do trânsito entre Évora e Redondo, disseram à Lusa fontes dos bombeiros.
Cenário semelhante em Santarém, com dezenas de quedas de árvores, corte de vias e o levantamento do telhado de uma habitação, disse fonte da Proteção Civil.
"Temos dezenas de ocorrências em quase todos os 21 municípios do distrito de Santarém, sendo que a queda de árvores atingiu duas viaturas em Abrantes, um poste de eletricidade caiu em cima de uma viatura em Samora Correia e a parte superior de uma estrutura de um edifício levantou em Benavente com a força do vento, não havendo feridos a registar", disse à Lusa fonte oficial do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém.
A mesma fonte disse ainda que há também a registar "inundações de estruturas ou superfícies por precipitação intensa, com cortes temporários de algumas vias" de circulação para a "retirada de ramos ou árvores e limpeza das estradas".
Alunos de Montalegre, Boticas e Vila Pouca de Aguiar regressaram mais cedo a casa devido à neve que está a cair com intensidade nestes concelhos do distrito de Vila Real, segundo fontes da Proteção Civil.
David Teixeira, vereador da Câmara de Montalegre, disse à agência Lusa que as escolas do concelho fecharam mais cedo, como medida de precaução para que os alunos pudessem regressar a casa.
A neve começou a cair com bastante intensidade durante a tarde de hoje e, segundo o responsável, os meios da autarquia e dos bombeiros estão espalhados pelo terreno nas operações de limpeza.
O presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, disse à Lusa que os alunos do circuito de Alturas do Barroso, na zona mais alta do concelho e que corresponde a cinco aldeias, também regressaram mais cedo a casa por precaução devido à neve.
Em Vila Pouca de Aguiar, o agrupamento de escolas ordenou também o regresso dos alunos a casa.
A circulação na avenida Dom Carlos I, na zona da Foz do rio Douro, no Porto, está hoje cortada devido ao aviso de mau tempo, revelou à Lusa a câmara.
Numa resposta escrita, o gabinete de comunicação da Câmara do Porto indicou que aquela avenida está cortada desde as 18:00 de quinta-feira, "não se prevendo o encerramento de mais nenhuma artéria".
O distrito do Porto é um dos que está sob aviso vermelho devido à previsão de agitação marítima
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa e Setúbal vão estar até às 21:00 de hoje sob aviso vermelho devido à previsão de agitação marítima.
Além do vermelho para a agitação marítima, o IPMA emitiu avisos laranja e amarelo para esta sexta-feira e sábado, devido ao vento, para todos os distritos de Portugal continental, exceto Évora, e devido a neve para Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Aveiro e Coimbra.
Para hoje está previsto vento forte de noroeste, com rajadas até 75/85 quilómetros/hora no litoral, que deverão atingir valores da ordem de 110 km/h a norte do cabo Mondego e nas terras altas do Minho e Douro litoral e da região Centro.