Com o objetivo de chamar a atenção para o abandono do antigo convento e tribunal da Boa Hora, em Lisboa, a mais recente edição da revista Zine Photo, editada em Macau e da autoria do advogado e fotógrafo João Miguel Barros, é dedicada ao tema, com dezenas de fotografias que mostram bem o estado de degradação do espaço.."[A Boa Hora] é um espaço inacreditável, são oito mil metros quadrados de um convento no coração da baixa de Lisboa, que está fechado e a degradar-se", disse à Lusa João Miguel Barros, que é também o autor de um manifesto lançado em fevereiro pela reconversão do espaço..O nono número da Zine Photo "acaba por ajudar a defender a ideia do manifesto, na medida em que tem fotografias que mostram bem o estado de degradação em que está a Boa Hora", acrescentou..João Miguel Barros tem vindo a insurgir-se há vários anos contra o "progressivo estado de degradação" do espaço, tendo lançado em fevereiro o manifesto "Por uma boa Hora ao serviço da cidade", que se encontra online no site www.boahora.org, e que defende a instalação no espaço de um Museu do Judiciário, um centro de Indústrias Culturais e Criativas e um centro de incubação para ideias inovadoras..Lançado pouco antes do início da invasão russa na Ucrânia, o movimento "foi um pouco prejudicado com a guerra", admitiu Barros, salientando, no entanto, estar surpreendido com o apoio "de centenas de pessoas"..O ex-ministro da Justiça, Álvaro Laborinho Lúcio, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, o escritor Francisco José Viegas, o ex-diretor do Expresso, Henrique Monteiro, o poeta Pedro Mexia, o sociólogo António Barreto e o cineasta Luís Filipe Rocha são algumas das centenas de personalidades a apoiar a causa.."Estou contente por ter gerado esse movimento cívico, porque o manifesto é um movimento cívico, não tem nada de político, não é nada contra nenhum governo", assumiu João Miguel Barros..O Convento da Boa Hora, no coração da capital portuguesa, foi fundado em 1633, tendo passado no século XIX para as mãos do Ministério da Justiça, que o transformou em tribunal. Em 2009, fechou as portas, com a mudança dos tribunais criminais para o Campus de Justiça de Lisboa, no Parque das Nações.."Era verdadeiramente importante criar-se um centro que fosse um lugar dedicado à cultura, à inovação, conhecimento e ao debate", indicou o advogado..A Zine Photo é um projeto artístico, a preto e branco, criado em 2020 como objeto de coleção e com uma longevidade programada de 12 números. A primeira edição imprimiu registos da Wisdom School, uma escola em Acra, capital do Gana, país que João Miguel Barros acabou por revisitar noutros números..De acordo com o autor, o novo número, com 40 páginas e uma edição limitada de 300 exemplares, não vai estar, como é habitual, à venda no portal da Zine Photo nem em Portugal, sendo as encomendas feitas apenas diretamente para o signatário em Macau ou através da Livraria Portuguesa. "Não quero que as pessoas possam pensar que, com a Zine, estou a tirar partido do manifesto", explicou. Lusa