Depois do 4 de julho, hoje Obama e Hillary desafiam Trump juntos
Depois de ter protagonizado a "pior semana de Washington" - nas palavras do Washington Post -, Hillary Clinton foi à Broadway assistir ao musical Hamilton, depois de ter sido ouvida pelo FBI sobre o uso do seu email pessoal quando era secretária de Estado. Ontem foi dia de festa, com os americanos a vestirem-se do branco, azul e vermelho da bandeira para assinalarem os 240 anos de independência. Hoje, a candidata democrata prepara-se para lançar uma nova fase da sua campanha. Em Charlottesville, na Carolina do Norte, vai ter pela primeira vez ao seu lado o presidente Barack Obama. O objetivo dos antigos rivais (nas primárias de 2008) e ex-colaboradores (Hillary foi chefe da diplomacia de Obama de 2009 a 2013) é só um: impedir o republicano Donald Trump de chegar à Casa Branca nas eleições de 8 de novembro.
É esta história de inimigos-que-se-tornaram-amigos que Hillary e Obama vão contar hoje aos apoiantes reunidos para os ouvir. E, como explicaram as equipas de ambos à revista Salon, ninguém melhor do que o antigo rival para explicar o que o fez confiar em Hillary após anos a trabalharem juntos. "Ele pode ser uma grande ajuda, sobretudo com os eleitores democratas e com alguns independentes que ainda têm dúvidas", explicou à Salon David Axelrod, o estratega da vitória de Obama em 2008.
Conquistar a confiança dos eleitores é um dos grandes desafios de Hillary, cuja nomeação deve ser confirmada na convenção de 25 a 28 de julho em Filadélfia. Em maio, só 21,7% dos inquiridos para uma sondagem da Reuters responderam que confirma na ex-primeira dama. Quando os ouvidos se identificavam como republicanos, 87,2% responderam não confiar em Hillary. E mesmo entre os independentes só 17% a consideram honesta, segundo o mesmo estudo.
Com uma inquestionável experiência na alta política, Hillary recebe assim o apoio de um Obama que, a seis meses de deixar a Casa Branca, goza de um pico de popularidade - 51%, segundo a última medição da Gallup. E o presidente já provou que não recua diante de um bom ataque contra Donald Trump.
Depois de uma longa batalha contra Bernie Sanders (que ainda não desistiu formalmente da corrida à nomeação democrata), Hillary tem pela frente a difícil tarefa de unir o partido e convencer os apoiantes do rival a votarem nela em novembro. Com a sua mensagem antissistema, o senador do Vermont, de 74 anos, conquistou a classe média e, sobretudo, os jovens; eleitorados que podem ser essenciais para uma vitória de Hillary face a Trump.
Mas se há uns dias admitiu que votará em Hillary em novembro, Sanders veio entretanto contribuir para a semana negra da ex-primeira dama quando na MSNBC recusou dizer quando declarará o apoio formal à candidata democrata: "Não se trata do meu apoio. É questão de o povo americano perceber que a secretária Clinton está preparada para ficar ao seu lado quando trabalham longas horas por salários baixos, sem conseguirem pagar seguros de saúde, sem que os filhos tenham dinheiro para a faculdade".
Estrela da polémica
A verdade é que depois de ter tido dois dígitos de vantagem nas sondagens nacionais face a Trump, Hillary voltou a cair. Na média dos estudos realizada pelo New York Times, a candidata democrata consegue 44% das intenções de voto, face a 39% para o milionário republicano. Apesar de uma semana difícil para a ex-primeira dama, Trump não deixou que a rival dominasse os media. No domingo publicou uma mensagem no Twitter onde se lia "Candidata mais corrupta de sempre", escrito a branco sobre o que parecia uma estrela de David vermelha. Em fundo, o rosto de Hillary sobre notas de cem dólares.
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O tweet foi entretanto apagado da conta de Trump, mas não faltaram logo acusações de antissemitismo por ter usado um símbolo do judaísmo (que ilustra a bandeira de Israel), a fazer lembra as estrelas amarelas que os nazis obrigavam os judeus a usar na roupa na II Guerra Mundial. O milionário voltou ontem a usar o Twitter para garantir que o seu objetivo era usar uma estrela de xerife e não uma estrela de David.
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