Depois de Moro, telemóvel de Bolsonaro também foi pirateado

Operação Spoofing, que investiga quatro <em>hackers</em> acusados de invadir telemóveis de autoridades, foi obrigado a informar, por questão de "segurança nacional", o presidente da República, que se diz "tranquilo". O único dos detidos com atividade política pertence desde 2007 ao DEM, o partido com mais ministros no atual governo.
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A polícia federal informou, "por razões de segurança nacional", o Ministério da Justiça do Brasil de que telemóveis utilizados pelo presidente Jair Bolsonaro foram alvos de ataque do grupo de hackers preso na Operação Spoofing na terça-feira. Bolsonaro disse, entretanto, que não está preocupado. "Se porventura algo vazar aqui no meu telefone, não vão encontrar nada que me comprometa, perderam tempo comigo", afirmou.

A Operação Spoofing - o termo inglês para falsificação tecnológica, segundo a polícia federal - investiga invasão do telemóvel do ministro titular daquela pasta, Sérgio Moro, e de outras autoridades. Deflagrada nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto, a ação policial prendeu quatro suspeitos, acusados de organização criminosa, invasão de dispositivo informático e interceção de comunicação telefónica.

Não se sabe ainda se esses suspeitos têm relação com a Vaza-Jato, a série de reportagens do jornal The Intercept Brasil, em colaboração com o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja, que vem revelando ilegalidades na condução da Operação Lava-Jato, nem qual a motivação ou o alcance dos hackers em causa, apesar de Moro, ao comemorar as detenções, ter relacionado os dois temas.

"Eu achar que meu telefone não estava sendo vigiado por alguém seria muita infantilidade. Não apenas por eu ser capitão do exército, conhecedor da questão da inteligência, mas sempre tomei cuidado nas informações estratégicas, essas não são passadas via telefone", acrescentou Bolsonaro. O presidente do Brasil explicou que discute apenas pessoalmente, no gabinete, questões tratadas com outros chefes de estado, como "no tocante à Venezuela" e a "questões estratégicas para o país".

Dos quatro hakers detidos sabe-se que são um disc-jockey, a mulher dele e dois amigos, todos de Araraquara, cidade a cerca de 250 quilómetros de São Paulo.

O DJ é Gustavo Elias dos Santos, 28 anos, que já fora preso e condenado a seis meses de prisão em 2015 por falsificação de documentos. Ele e a mulher, Suelen Priscila de Oliveira, sem cadastro na polícia, foram detidos em São Paulo.

Walter Delgatti Neto, 30 anos, conhecido por Vermelho por causa do cabelo ruivo, também já havia sido preso por falsificação de documentos e tráfico de drogas. Foi descoberto pela polícia em Ribeirão Preto, a 350 quilómetros de São Paulo. Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral, é filiado ao DEM, partido de direita com três ministros no governo de Bolsonaro, desde 2007. O partido já iniciou processo de expulsão. Segundo a polícia foi Delgatti quem pirateou o telefone de Bolsonaro e, ainda de acordo com as autoridades, ele confessou os crimes.

Danilo Cristiano Marques, preso em Araraquara nesta terça-feira, já teve condenação por roubo.

O grupo, foi noticiado também, tinham intenção de comprar armas.

Eles invadiram, de acordo com a investigação, os telefones de cerca de 1000 pessoas e foram descobertos após agentes seguirem todos os rastos dos telefonemas de Moro, que havia pedido esta investigação à polícia federal, órgão que tutela, no dia 4 de junho.

Com a quebra do sigilo bancário, autorizada judicialmente, a polícia descobriu movimentações suspeitas de quantias nos últimos meses.

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