Às 9.20 já se preparam lulas guisadas com batatas, carapaus fritos, salada russa e alguns bolos para sobremesa. Na cozinha da Casa do Divino Espírito Santo da Beneficência, em Rabo de Peixe, trata-se do repasto que dali a poucas horas vai ser servido aos participantes do Summer CEmp. Manipuladora de peixe de profissão, a tarefa de Sandra não é amanhar o peixe, mas sim cozinhá-lo. Apesar do trabalho - onde é auxiliada por mais quatro mulheres -, a cozinheira admite ter "muito gosto" em estar a fazer comida para tanta gente, admitindo que "iniciativas assim acabam por ajudar a promover a região", onde "todos são bem recebidos" pelos locais. "É mesmo nossa tradição receber bem as pessoas e garantir que se sentem bem", acrescenta. .A esta hora, o dia já vai longo, depois de os participantes terem saído para o mar com a comunidade piscatória local, às 6.30. Feita em sete barcos, a pescaria não deu para o almoço (apanhou-se um peixe-espada e pouco mais), mas nem isso - aliado à chuva que caía desde a noite anterior - desmotivou os 40 jovens que chegam aos poucos ao Centro de Beneficência, palco das sessões da manhã e também do almoço. .A pesca, diz Débora Silva, uma das participantes, foi "um momento bastante especial", sobretudo porque o seu "avô era pescador e não foi a primeira vez" em que saiu para o mar. Apesar da apanha do peixe ter sido escassa, "foi muito interessante. Os pescadores receberam-nos bem e é muito impressionante ver toda a dedicação que têm, o gosto e o respeito pelo mar. E isso é de valorizar. Não estão lá só para ganhar o rendimento mas também para contribuir para a comunidade." Na opinião de Débora, "Portugal tem um território marítimo riquíssimo e falta saber aproveitar esses recursos", dando o exemplo: "O que os pescadores nos disseram foi que, com tanto mar, há falta de barcos. Os barcos que têm só lhes permitem andar à volta da ilha e assim não conseguem alargar o raio de ação. Podia haver algum financiamento para estas preocupações que as pessoas trazem a este tipo de projetos.".Terminado o almoço - onde os jovens participantes comeram lado a lado com os moderadores e até com os pescadores com quem foram para o mar -, chegou a altura da primeira slow talk ("conversa lenta", em português), onde foram divididos em oito grupos e conversaram com os moderadores. .De tarde, as sessões regressaram ao quartel-general do Summer CEmp, onde o representante Permanente de Portugal junto da União Europeia, Pedro Lourtie, e João Silveira, Conselheiro Diplomático para Assuntos Europeus, discutiram a governança europeia. Em jeito de resumo da sessão, ao DN, Pedro Lourtie explica que, ao nível do Conselho Europeu, "existem instâncias que preparam o trabalho de aprovação das leis. Antes de os ministros se reunirem para as aprovar, há um trabalho de negociação feito pelos embaixadores para tentar estabelecer pontes". Apesar da posição mais neutra, reconhece que existe espaço para mudanças e os jovens têm um papel importante: "Na Conferência do Futuro da Europa foram pedidas sugestões aos mais novos e grande parte das recomendações estão a ser discutidas para entrarem em leis a nível europeu", conclui..rui.godinho@dn.pt