O ex-presidente da Assembleia da República Mota Amaral disse hoje que com a morte de Almeida Santos a democracia portuguesa perde "um dos seus fundadores e figura de referência".."O seu empenho na promoção de uma descolonização justa e honrosa está documentado no seu livro de memórias, que se junta a uma produção literária e doutrinária de muito mérito", refere o social-democrata Mota Amaral, considerando que Almeida Santos era, "de resto, um esmerado cultor da Língua Portuguesa, tanto escrita como falada"..O primeiro presidente do Governo dos Açores adianta que Almeida Santos se "tornou o legislador por excelência da fase de implantação da Democracia" no país, "devendo-se à sua pena muitos dos textos legislativos dos governos provisórios e, mesmo, dos primeiros governos constitucionais, dos quais foi membro com a responsabilidade de variadas pastas"..Para Mota Amaral, Almeida Santos"destacou-se como parlamentar de requintados dotes vindo a ser presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista e depois presidente da Assembleia da República".."Sempre esteve na primeira linha das suas preocupações, enquanto presidente da Assembleia da República, prestigiar e enobrecer o parlamento, sobretudo mediante a eficácia e a qualidade da produção legislativa e fiscalizadora da instituição", afirma, notando que Almeida Santos se "preocupou por melhorar as condições de trabalho dos parlamentares e de todos os seus colaboradores, introduzindo inovações que continuam a dar frutos"..Em Almeida Santos, Mota Amaral admirou "a grande capacidade de trabalho e a coerência das suas convicções", embora em algumas matérias discordasse, "dando pé a amistosas controvérsias, pretexto para afinal" concluírem "por um fundo comum de preocupações e objetivos humanistas".."Como amigo e admirador de AntónioAlmeida Santos sinto-me profundamente penalizado pela sua morte, curvo-me respeitosamente perante a sua memória e endereço à sua família e ao Partido Socialista, do qual presidente [honorário], as minhas sinceras condolências", acrescenta Mota Amaral..Almeida Santos sentiu-se mal após o jantar de segunda-feira e ainda foi assistido na sua residência, em Oeiras, onde acabaria de falecer pouco antes da meia-noite.