Decisão de acabar programa foi tomada antes da crónica

O diretor de Programação da RDP, Rui Pêgo, garantiu hoje no Parlamento que "a decisão partilhada" de acabar com o programa "Este Tempo", onde colaborava o jornalista Pedro Rosa Mendes, foi tomada no dia 11 de janeiro.
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Rui Pêgo explicou que a decisão da direção de Programação foi partilhada com a direção de Informação da Antena 1, na altura dirigida por João Barreiro, e tomada numa reunião que aconteceu oito dias antes da crónica de Pedro Rosa Mendes (18 de janeiro), em que o jornalista criticou o programa "Reencontro", gravado e emitido pela RTP em Luanda em 16 de janeiro, no qual participaram vários empresários portugueses e membros do Governo português e angolano.

Também João Barreiros sustentou na comissão parlamentar para a Ética, Cidadania e Comunicação que a decisão foi tomada no dia 11 de janeiro e que a mesma tinha sido comunicada a "alguns elementos da redação" que podem "testemunhá-lo". De resto, sublinhou ainda o ex-diretor de Informação da RDP, o seu adjunto na altura, Ricardo Alexandre, afirmou isso mesmo ao conselho de redação da rádio.

O Parlamento está hoje a ouvir o ex-diretor de Informação da Antena 1, João Barreiros, o diretor de Programação da rádio pública, Rui Pêgo, e o diretor-geral de Conteúdos da RTP, Luís Marinho, no âmbito de um caso de alegada censura na rádio pública.

O "caso Rosa Mendes" ocupa a agenda de trabalhos de hoje da comissão parlamentar de Ética, Cidadania e Comunicação, com as audições do ex-diretor de Informação da Antena 1, João Barreiros, do diretor de Conteúdos da rádio Pública, Rui Pêgo, e do diretor-geral de Conteúdos da RTP, Luís Marinho.

Ainda hoje, à tarde, o jornalista Pedro Rosa Mendes também vai ser ouvido sobre o assunto mas na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

A polémica opõe Pedro Rosa Mendes e a administração da RTP, a quem o jornalista lançou no final de janeiro a suspeita do exercício da "mais pura censura" por ter decidido acabar o programa na Antena 1, "Este Tempo", que estava no ar há dois anos.

Essa decisão, acusou Rosa Mendes - no que foi corroborado pelo então diretor-adjunto de Informação, Ricardo Alexandre, em declarações à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e ao conselho de redação da Antena 1 - foi uma reação a uma crónica em que o jornalista lançou fortes críticas ao programa da RTP 1 "Reencontro", emitido no dia 16 de janeiro a partir de Luanda, e que contou com a presença, entre outros, do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e do chefe da Casa Civil da presidência angolana, Carlos Maria Feijó.

A notícia do encerramento do programa motivou, no próprio dia em que foi divulgada pelo jornal Público, 24 de janeiro, a aprovação das audições de hoje no Parlamento de João Barreiros e de Luís Marinho -- Pedro Rosa Mendes só posteriormente viria a ser chamado --, assim como mereceu da ERC a abertura de um inquérito, que decorre.

O "caso Rosa Mendes" fez "cair" a direção de Informação da RDP - João Barreiros e Ricardo Alexandre - que apresentou a sua demissão no passado dia 2 de fevereiro.

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