De terrorista da ETA a vendedor de bebidas nas Caraíbas

Foi condenado a três mil anos de prisão por 25 homicídios, mas acabou por vê-los reduzidos a 18. Pena cumprida, agora vive numa cidade turística da Venezuela.
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Iñaki de Juana Chaos é um terrorista da ETA condenado a mais de três mil anos de prisão, reduzidos por lei a 18, por 25 homicídios, e agora é dono de uma loja de bebidas na cidade venezuelana de Chichiriviche no golfo caribenho. É procurado em Espanha por ter promovido o terrorismo após ter saído da prisão, mas o jornal El Mundo encontrou-o numa cidade turística da Venezuela, onde a sua vida é facilitada por uma rede de agentes e simpatizantes da ETA.

O terrorista, cujo nome verdadeiro é José Ignacio mas que é conhecido como Iñaki, foi encontrado pelo El Mundo numa pequena casa em Chichiriviche, onde vive com a mulher e o filho. Mas a viagem até lá não foi pacífica. De Juana, responsável por 25 mortes em atentados do grupo terrorista basco ETA, tornou-se conhecido, durante o seu tempo na prisão, pelas suas greves de fome e por cartas que escrevia para os jornais, cartas essas que, para o governo espanhol, representavam o crime de "enaltecimento do terrorismo".

Quando foi libertado da prisão, de Juana foi para a Irlanda, onde se refugiou junto de membros do grupo separatista IRA. O mandado de captura emitido por Espanha devido às cartas que escreveu fê-lo fugir para a Venezuela, de onde havia menos hipóteses de ser extraditado. É na Venezuela que, segundo o El Mundo, se encontra a maior comunidade de membros da ETA, protegidos pelo regime.

Após as revelações do jornal El Mundo, o tribunal espanhol Audiência Nacional pediu à Interpol que comprove a presença de de Juana na Venezuela. O ministro da Justiça espanhol, Rafael Catalá, disse aos jornalistas que espera que a Audiência Nacional promova a extradição de de Juana. "Primeiro tem que ser uma iniciativa judicial", explicou o ministro esta segunda-feira, sendo que de seguida o governo espanhol "dirigir-se-á ao governo da Venezuela para solicitar a extradição".

Após a fuga da Irlanda para a Venezuela, Iñaki de Juana Chaos começou por instalar-se com a mulher na cidade de Nova Barcelona, onde, com a ajuda de simpatizantes da ETA que se encontram em posições relevantes no regime do país, abriram um restaurante a que chamaram Matalaz, o nome de um comando da ETA composto por três pessoas detidas por tentativa de assassínio.

Acabou por se sabe da sua presença em Nova Barcelona e começou a ser abordado por jornalistas, o que o motivou a fechar o restaurante e mudar-se para a cidade mais pequena de Chichiriviche. Apenas uns dias depois de se ter mudado, graças a simpatizantes da ETA, de Juana já tinha a loja de bebidas que hoje gere, e a casa onde vive com a família.

O ministro do Interior, Jorge Fernández Díaz, aproveitou para comentar as fotografias tiradas pelo El Mundo ao terrorista na sua loja na Venezuela. "Evidentemente não está em greve de fome", disse o ministro espanhol, fazendo referência às fotos do terrorista na prisão, quando era descrito pelos meios de comunicação internacionais como "acorrentado e emagrecido".

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