De Sonia Braga a Caetano: artistas exigem que tribunal se explique sobre fake news de Bolsonaro

A atriz de Gabriela, o cantor e muito outros artistas querem ver explicada atitude de Rosa Weber, presidente do tribunal eleitoral, depois de ser divulgado que empresas compraram notícias contrárias ao PT
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"Juíza Rosa Weber, permita-me uma pergunta: criar fake news e espalhá-las através de whatsapp não constitui crime eleitoral?", pergunta o ator Vladimir Brichta à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), num vídeo gravado por artistas da TV Globo e outros. Os artistas querem que o TSE investigue a suposta compra, por parte de empresas apoiantes do candidato Jair Bolsonaro, de notícias falsas contrárias ao PT, que já motivou queixas das candidaturas de Fernando Haddad, Ciro Gomes e Guilherme Boulos.

A atriz Sónia Braga diz que já não se pode conviver mais com casos, como o de um dos filhos do candidato do PSL a pedir aos eleitores para fotografarem as urnas eletrónicas, prática proibida, ou a disseminação da informação, falsa, de que Haddad distribuiu um kit gay ​​​​​​​para crianças. "Qual a posição do TSE? Juíza, nós queremos o melhor para o Brasil e queremos justiça".

"Então ministra, qual a sua reação?", questionam também o músico Caetano Veloso e as atrizes Zezé Polessa e Letícia Sabatella.

Há informações de que Rosa Weber se vá pronunciar nas próximas horas. Antes da realização da votação da primeira volta a magistrada admitiu que o TSE ainda está a aprender a lidar com o fenómeno das fake news.

Na quinta-feira, o jornal de maior circulação no Brasil, o Folha de S. Paulo, noticiou que empresas pagaram para serem espalhadas notícias contrárias ao PT e favoráveis a Bolsonaro, o que constitui crime desde logo, na medida em que a partir destas eleições estão vedadas doações de campanha a firmas privadas. Como esse pagamento não foi divulgado à justiça eleitoral, a campanha do deputado e capitão incorre noutro crime, o de sonegação de informações, conhecido como "caixa dois" no Brasil. Haddad disse ainda tencionar processar a candidatura rival por calúnia, difamação e organização criminosa.

Bolsonaro disse saber que essa prática "fere a legislação" mas que não tem forma de "controlar que um empresário" simpático a ele "faça isso". Gustavo Bebianno, presidente do PSL, acrescentou que vai processar Haddad.

De fora dos debates e à frente nas sondagens

No mesmo dia, os médicos que cuidam do candidato de extrema-direita deixaram ao seu critério a participação, ou não, em debates, depois de um mês e meio de convalescença da facada no abdómen sofrida num ato de campanha a 6 de setembro. Mas Bolsonaro decidiu que vai, mesmo assim, faltar aos dois confrontos diretos com Haddad que faltavam, nas emissoras Record e Globo, já depois de não ter participado noutros quatro.

Nas sondagens, Bolsonaro continua com vantagem confortável, segundo o instituto Datafolha. Soma 59% dos votos válidos, enquanto Haddad não vai além dos 41%, os mesmos números que o instituto Ibope havia divulgado horas antes. Na anterior pesquisa do Datafolha a diferença era ligeiramente menor entre os presidenciáveis - 58% contra 42%..

A segunda volta das eleições realiza-se no dia 28.

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