Eram 11.21 (mais cinco horas em Lisboa) quando Chris Murphy se levantou para falar no Senado. O objetivo era convencer os republicanos a votar uma nova lei das armas, que aumenta os controlos ao passado dos compradores de armas e permitir o acesso dos vendedores à lista de suspeitos de terrorismo, após o ataque a uma discoteca gay que fez 49 mortos em Orlando, na Florida. Já passava das 2.00 quando o senador democrata do Connecticut se voltou a sentar. Pelo meio, defendeu o projeto, saudou os filhos que estavam nas galerias e contou a história de Dylan, um menino de 6 anos que perdeu a vida em 2013 no tiroteio na escola de Newtown. Ao fim de quase 15 horas de filibuster, Murphy conseguiu o objetivo: os republicanos vão votar a lei. Mas não quer dizer que a aprovem..Não foi o mais longo filibuster da história dos EUA (ver caixa). Ficou longe até das 21 horas de Ted Cruz contra a reforma da Saúde de Obama, que em 2013 lançaram o senador do Texas para a fama, levando à sua candidatura às presidenciais deste ano. As regras do filibuster são simples, o senador que o protagoniza não pode sentar-se, nem mesmo enquanto outros têm a palavra, não pode comer nem deixar o lugar para ir à casa de banho..Os republicanos, maioritários no Senado, têm bloqueado as alterações à lei das armas nos últimos anos, argumentando que o direito a andar armado está inscrito na Constituição. No final do filibuster, Murphy admitiu aos jornalistas que os democratas não têm "qualquer garantia de que estas emendas vão passar, mas ganhámos algum tempo para convencer os senadores e inscrevê-las na lei"..No ataque de Orlando, o atirador Omar Mateen usou duas armas que comprara de forma legal, reabrindo este debate nos EUA..Em plena campanha para as presidenciais de 8 de novembro, o assunto entrou na campanha, com a candidata democrata Hillary Clinton a defender mais restrições no acesso às armas. Já o republicano Donald Trump pareceu ontem recuar na sua posição inicial, defendendo que os indivíduos na lista de suspeitos de terrorismo devem ser proibidos de comprar armas. E prometeu discutir o assunto com a NRA, o lóbi das armas que o apoia..Obama em Orlando.O presidente Barack Obama era esperado ontem em Orlando para se encontrar com sobreviventes do ataque à discoteca Pulse. Com a polícia federal a investigar eventuais ligações a grupo terroristas fora dos EUA - o atacante jurou fidelidade ao Estado Islâmico durante o ataque e já antes dissera pertencer ao Hezbollah -, ontem surgiram notícias de que Omar Mateen terá consultado o Facebook à procura de informações sobre o ataque, já depois de ter sequestrado os clientes do clube. Na mesma rede social, Mateen reafirmou a lealdade ao líder do ISIS, Abu Bakr al-Baghdadi, e vaticinou mais ataques contra os EUA..As autoridades procuram determinar qual o papel exato no ataque de Noor Salman, a segunda mulher do atirador. O Ministério Público estará a reunir provas para apresentar a um grande júri que deverá decidir depois de apresentar queixa contra a americana de 30 anos de origem palestiniana..[artigo:5228938]