De lavar pratos por um euro/dia a dar 918 milhões por Wembley
Shahid Khan causou furor na quinta-feira ao apresentar uma proposta de 918 milhões de euros à Federação Inglesa de Futebol (FA) para a compra do Estádio de Wembley, em Londres. Uma excentricidade de um magnata que nem sempre teve uma vida folgada, tendo mesmo começado do zero, a sujeitar-se a fazer o que lhe aparecesse para se sustentar.
Khan, conta o jornal britânico Daily Mail, nasceu no seio de uma família bem humilde da cidade de Lahore, no Paquistão, em julho de 1950. Filho de Zakia, uma professora de Matemática, e de Rafiq, um vendedor de equipamento de topografia, parecia destinado a fabricar e a vender aparelhos de rádio.
Aos 16 anos, porém, pegou em 500 dólares e emigrou para os Estados Unidos, a fim de estudar Engenharia Mecânica na Universidade de Illinois, passando as primeiras noites numa sede da Associação Cristã da Mocidade. Ainda assim, para fazer face às despesas de alojamento, viu-se obrigado a procurar trabalho para conseguir sobreviver. Então, arranjou o primeiro emprego: lavar pratos por 1,20 dólares (cerca de um euro) por hora.
Mais tarde, conseguiu emprego na empresa Flex-N-Gate, que se dedica a fabricar peças de automóveis. 13 anos depois, tinha juntado 660 mil euros e comprou a firma, dando-lhe um impulso gigante: inicialmente fornecia uma pequena gama de para-choques para a Toyota, mas implementou um projeto de peça única que teve de tal forma sucesso que, em 2012, forneceu peças para dois terços de todos os carros e camiões vendidos nos Estados Unidos, com ganhos de 3,5 mil milhões de dólares (2,90 mil milhões de euros). Hoje em dia, a companhia tem 62 fábricas em todo o mundo e mais de 24 mil empregados.
Desporto é paixão de criança
Segundo a Forbes, o paquistanês naturalizado norte-americano em 1991 e residente em Naples, na Florida, tem atualmente uma fortuna avaliada em 5,9 mil milhões de euros e é a 217.ª pessoa mais rica do mundo.
Em 2010, começou a dar asas ao sonho de estar ligado ao desporto, uma paixão de criança. Primeiro, tentou adquirir 60% das ações da equipa de futebol americano Saint Louis Rams, atual Los Angeles Rams. Contudo, a sua tentativa foi frustrada pelo norte-americano Stan Kroenke, que também detém os ingleses do Arsenal e os norte-americanos dos Denver Nuggets (basquetebol), Colorado Avalanche (hóquei no gelo), Colorado Rapids (futebol), Colorado Mammoth (lacrosse) e Los Angeles Gladiators (e-sports).
Khan não desistiu e dois anos mais tarde comprou os Jacksonville Jaguars, também da NFL (liga de futebol americano). O aumento da visibilidade da equipa, que desde 2013 tem realizado um jogo em Londres por ano, é o propósito da proposta para a compra do estádio. "A compra de Wembley protegeria a posição dos Jaguars em Londres num momento em que outras equipas da NFL estão a aumentar o seu interesse nesta grande cidade. Wembley voltaria a ser propriedade privada e a FA poderia dedicar-se à missão de desenvolver jogadores", afirmou o multimilionário acerca do recinto que esta época tem recebido os jogos caseiros do Tottenham, que está a remodelar White Hart Line.
E embora seja proprietário de um clube de futebol londrino desde 2013, o Fulham - na luta pela subida à liga inglesa -, o magnata paquistanês assegurou que os lily whites não jogarão em Wembley, continuando a fazê-lo no velhinho Craven Cottage, inaugurado no longínquo ano de 1896.