De dono disto tudo a arguido em quase tudo isto
Ricardo Salgado vai passar grande parte de 2017 e os anos seguintes no banco dos réus, genericamente entendido. Além do processo-crime, que corre no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e cuja acusação poderá (o condicional é o tempo do verbo ideal) ver a luz do dia, o antigo presidente do Grupo Espírito Santo tem ainda, pelo menos, quatro processos de contraordenação do Banco de Portugal e algumas ações cíveis à perna, como a da apresentadora Teresa Guilherme, que reclama três milhões de euros ao antigo banqueiro. Ou seja, a carga processual que terá às costas não lhe permitirá fazer mais nada do que viajar entre tribunais. Só no que diz respeito aos processos-crime, Salgado é arguido no chamado processo principal do BES, indiciado pela prática de seis crimes: crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, falsificação informática, branqueamento, fraude fiscal qualificada e corrupção no setor privado. Caso a fase de investigação fique concluída durante 2017, há ainda a instrução (facultativa) e o julgamento. Esta última etapa poderá tornar-se num calvário para todos os intervenientes, dada a dimensão atual do processo - ao qual foram anexadas mais de 50 queixas particulares - e a complexidade do mesmo, já que envolve operações financeiras internacionais (o julgamento do chamado caso BPN demorou cinco anos e o acórdão ainda da primeira instância está agendado para março). Ao mesmo tempo, é suspeito de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais no processo Monte Branco (a acusação deste deverá ficar concluída após o fim da Operação Marquês) e já foi alvo de três acusações por parte do Banco de Portugal, as quais deverão fazer o seu caminho no Tribunal da Concorrência e Supervisão. O DCIAP está ainda a investigar a compra de dívida da Rioforte pela PT, mais um processo que poderá envolver Ricardo Salgado, ex-quadros da PT e do próprio BES.